sábado, 13 de junho de 2009

O Senado Secreto

A reação escancarada da indignação não está, é claro, nos corredores do Senado onde a minoria ética e comprometida com o País ainda parece perplexa com a sucessão de escândalos que expõe o que deveria ser o maior fórum das decisões da República numa feira de troca – troca, dessas de fim de semana no nordeste onde se compra e se vende de tudo, inclusive os famosos bonecos de mestre Vitalino.

A reação escancarada da indignação se alastra é no meio do povo, não só entre as pessoas simples que conhecem no dia – a - dia as dificuldades da vida, também entre formadores de opinião como os taxistas de todos os itinerários e praças, as moças dos salões de beleza, os feirantes, os frentistas dos postos de combustíveis.

A reação escancarada da indignação popular começa se assumir em vontade nacional querendo o afastamento não só dos servidores responsáveis diretos pelos descaminhos agora conhecidos e não só dos beneficiários das vantagens indevidas.

Não podem ficar impunes também os Senadores, nenhum deles, a começar pelos dirigentes das Mesas que sabendo dos atos secretos e do que esses atos acobertavam não os proibiram, mas ao contrário fingindo que não sabiam de nada em alguns casos até se aproveitaram favorecendo parentes ou apaniguados.

Reage Brasil! Vamos mudar a maioria deste Senado que está aí. Está chegando a hora e você pode mudar dois Senadores de uma vez! Você vai ter direito a dois votos de uma vez.

O que você vai ler a seguir é o editorial da edição de hoje da Folha de São Paulo, sob o título Senado Secreto. Veja quanta vergonha para nós todos que somos trabalhadores, pagamos impostos e votamos nas eleições.

"EM QUALQUER instituição, pública ou privada, seria uma anomalia a existência de um esquema subterrâneo para a tomada decisões que redundam em novas despesas, movimentação de pessoal e criação e extinção de cargos e benefícios. É escandalosa quando se trata do Senado Federal.

Investigação interna, sob encomenda da Primeira Secretaria, descobriu, acumulados desde 1995, pelo menos 280 atos secretos -medidas administrativas de cuja validade só os interessados diretos tomavam ciência. Essa acintosa e prolongada distorção foi revelada na quarta, em reportagem de "O Estado de S. Paulo".

A tímida, para dizer o menos, reação dos senadores diante da notícia tem explicação: como no caso da farra com as passagens aéreas na Câmara, estamos diante de mais um escândalo "democrático", que atinge congressistas de diversas filiações, além de estender-se ao corpo de servidores do Senado.

Esse aparelho clandestino escorou-se num jogo de conveniências mútuas. Publicar a decisão de pagar benefícios retroativos a um grupo seleto de servidores poderia chamar a atenção da imprensa e da opinião pública; optou-se então pelo caminho das sombras. O mesmo vale para contratar e demitir parentes e apaniguados.

Um neto do presidente do Senado, José Sarney, foi exonerado do gabinete do senador Epitácio Cafeteira, petebista do Maranhão, por meio de um ato secreto em outubro do ano passado.

Acostumados com a troca de favores à boca miúda, senadores pelo visto calcularam mal um dos riscos clássicos desse tipo de organização paralela. Os servidores responsáveis pela execução das tarefas em surdina acumulam informações delicadas sobre seus beneficiários.

Se aqueles porventura tiverem interesses contrariados, estes estarão em maus lençóis.

As quedas, sob a acusação de esconder patrimônio do fisco, de um funcionário que durante 14 anos capitaneou a Direção Geral do Senado e de outro, que cuidava dos recursos humanos, coincidem com a safra de denúncias contra senadores.

Fala por si o fato de apenas 4 dos 81 senadores terem comparecido à sessão que inquiriu os dois ex-diretores, cujos nomes têm sido associados a irregularidades graves.

Some-se a isso o silêncio da maioria dos senadores a respeito dos malfeitos, ora revelados, da "Mesa secreta". O resultado é que se amplia, no país, o contraste entre o desassombro interessado de representantes, e a estupefação dos representados.

Atos secretos do poder público são uma contradição nos próprios termos. Podem ser admitidos em situações excepcionalíssimas -caso dos serviços de inteligência, e mesmo assim sob controle de representantes da população. Jamais no cotidiano do Senado.

A Casa mais solene do Legislativo deveria ser exemplo de prestação de contas e moderação nas despesas. Que muitos de seus integrantes deem de ombros para essa necessidade não é mais segredo de ninguém."

2 comentários:

João Augusto disse...

Ministro, O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), O primeiro secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI) e o Senador Aloizio Mercadante (PT-SP), manifestaram-se a favor de investigação e punição dos envolvidos, resta tão somente saber se eles estão realmente interessados em investigar e comprovando-se a veridicidade dos fatos punir os envolvidos. Será que alguem ainda acredita neles?! Eu não!

João Augusto disse...

Permita-me corrigir um erro em meu comentário, onde se lê veridicidade leia-se veradicidade. Grato.