domingo, 14 de junho de 2009

A Avareza Secreta

A operação neto secreto que se transformou depois em operação nora secreta, causa dos maiores vexames a que tem sido exposto o atual Presidente do Senado é comentada hoje por Élio Gáspari em sua coluna dominical reproduzida por centenas de jornais do País, dentre eles O Globo e a Folha de São Paulo. Eis aqui:

"Fernando Sarney desafia Charles Darwin

O senador maranhense Epitácio Cafeteira foi categórico numa conversa com o repórter Rodrigo Rangel: "Eu contrato quem eu quero, e não sabia que tinha que pedir autorização a vocês da imprensa".

O problema não é de autorização, mas de compostura. Há 22 anos o empresário Fernando Sarney, filho do ex-presidente e dono de eletrizante fortuna, procriou fora do casamento com uma ex-candidata a Miss Brasília. Cafeteira colocou o moço na bolsa da Viúva dando-lhe um emprego de R$ 7,6 mil mensais em seu gabinete.

Pressionado pelas restrições ao nepotismo, demitiu-o e, para equilibrar o orçamento desse ramo da família de Fernando Sarney, contratou a mãe. Tudo com a discrição dissimulada das casas-grandes.

O filho do ex-presidente tem patrimônio e renda suficientes para pagar R$ 7,6 mil mensais com dinheiro do seu bolso. Para o padrão de consumo do andar onde circula, essa quantia equivale às despesas com hotel na Europa durante um feriadão, duas caixas de vinho caro ou um jantar para 15 pessoas. Fernando Sarney não precisava passar a conta de seu filho para a Viúva. O episódio não assombra pelo aspecto corrupto, nem mesmo pela avareza. O que ele traz de pior é a exposição da decadência.

Nas palavras de Cafeteira: "Eu devia favores ao Fernando. Ele me ajudou na campanha." Fica faltando o senador dizer que favores e quanto valeram.

No ano do bicentenário de Charles Darwin, Fernando Sarney tornou-se uma peça para o estudo da regressão das espécies.'

Um comentário:

João Augusto disse...

Observemos que o "Nobre" Senador Cafeteira não compreende a gravidade e sente-se constrangido de ser questionado sobre seus atos escandalosos. O cargo "é dele" o dinheiro "é dele" ele dá para quem bem quiser, ora bolas! Fico a me perguntar em que século vivemos, será que sofro de esquizofrenia, perdi a minha orientação espacial e orientação temporal?! Em que país vivemos, uma republiqueta em guerra civil? um estado autocrático? uma monarquia tradicional? em que ano? será que estamos na idade média? depois de me desesperar eis que recorro a Rousseau, talvez ele entenda do que estamos passando, fala aí espírito...

"... Nada é mais perigoso do que a influência dos interesses privados nos assuntos públicos, e o abuso das leis pelo Governo é um mal menor do que a corrupção do Legislador, consequência infalível de propósitos particulares..." (Rouseau,1762).