Por Edson Vidigal
Nem se contam os que desde antanho tem escrito sobre as artes mais diversas.
Como até a política é uma arte - arte do possível, segundo Bismarck, logo tudo o mais que se faça com algum engenho é arte.
Nos antigos filmes de faroeste, o mocinho também chamado de artista, estava sempre em luta contra os fora da lei também chamados de bandidos.
Os dois lados tem grandes artistas, é claro. Mas ninguém quer ser visto como bandido. Todo mundo só quer ser o artista.
Daí dizer-se que na política nacional, incluindo, por obvio, o nosso Maranhão não tem bandido. Só tem artista. Melhor dizendo, nos enredos da politica todo mundo só quer ser o artista.
Da arte do possível à arte da guerra quase não há mais nada que o engenho humano não tenha afirmado como arte.
Chegou ha pouco dos Estados Unidos da América um livro muito esclarecedor – A molécula da Moralidade, de Paulo Zak. Essa molécula contém a substancia responsável por despertar o melhor em cada um de nós.
A molécula da moralidade faz, por exemplo, com que as mulheres, no geral, sejam mais generosas do que os homens.
Já os homens muitos dos quais até inspiram uma boa impressão podem, por deficiência na molécula, se revelarem nada generosos.
Com a molécula da moralidade em baixa, os homens de negócios, em geral, e os políticos, em especial, podem se revelar pessoas perigosas – cínicos, mentirosos, déspotas, insensíveis, mestres na arte de iludir e enganar.
Seriam verdadeiramente os artistas do bem se os seus cérebros não se ressentissem da molécula da moralidade.
Agora pesquisadores da Universidade de Duke, também nos Estados Unidos, anunciam que os lóbulos temporal e parietal (acima das orelhas), são ativados quando um alguém quer enganar outro alguém.
Essa conclusão foi tirada do mapeamento dos cérebros dos jogadores de pôquer na área conhecida como extremo posterior do sulco lateral.
Talvez, por isso, os mais antigos tivessem razão quando inventaram o popular puxão de orelhas.
Essa área das orelhas não é ativada quando jogo é contra um computador, por exemplo. Daí a prova de que blefar ou não muda conforme as relações sociais entre os jogadores oponentes.
A pesquisa revelou ainda que antes do jogo todos os contendores mostram-se afetuosos e cordiais, mas na medida em que a pendenga segue eles vão se hostilizando discretamente, algo assim como dois candidatos de uma mesma coligação disputando um único lugar disponível.
Em duas outras, igualmente famosas Universidades norte-americanas, a de Harvard e a de Utah, descobriu-se que as pessoas, no geral, tendem a ser mais honestas no período da manhã.
Este fenômeno foi classificado pelos cientistas efeito da moralidade matinal.
Isso tudo me leva a imaginar que as coisas por aqui nesta encardida Ilha do Amor ainda não estão num limite tão extremo de desesperança.
É possível que a molécula da moralidade se normalize às tantas da madrugada quando a capacidade de blefar, inclusive no pôquer, já estará um tanto exaurida.
Depois, é botar a cambada do governo e a cambada da oposição para trabalhar intensamente na parte da manhã. Segundo os cientistas, as maiorias das governabilidades tendem a ser mais desonestas no período da tarde.
Edson Vidigal, Advogado, foi presidente do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho da Justiça Federal.
Dependente de uma cadeira de rodas e impedido de falar, ele transmitia grande parte das suas ideias por meio de um sistema de computador que captava o movimento de seus olhos.
Das explicações para a existência do Universo aos aspectos negativos da fama, conheça algumas das mais famosas frases do cientista, que se dedicou a aproximar a Ciência do grande público.
Sobre buracos negros: "Einstein estava errado quando disse que 'Deus não joga dados'. A existência dos buracos negros sugere não apenas que Deus brinca de dados, mas também nos confunde ao jogá-los onde não podem ser vistos"- no livro A Natureza do Espaço e do Tempo, publicado em 1996.
Sobre as razões para a existência do Universo: "Se encontrarmos uma resposta para isso, será o maior triunfo da razão humana, porque conheceríamos a mente de Deus"- no livro Uma Breve História do Tempo, publicado em 1988.
Sobre Deus: "Não é necessário invocar Deus para iniciar uma reação e fazer o Universo funcionar"- no livro O Grande Projeto, publicado em 2010.
Sobre sucesso comercial: "Eu quero que meus livros sejam vendidos em lojas de aeroporto"- em entrevista ao jornal americano The New York Times, em dezembro de 2004.
Sobre a fama: "O aspecto negativo da minha fama é que eu não posso ir a qualquer lugar do mundo sem ser reconhecido. Não adianta eu usar óculos escuros e peruca. A cadeira de rodas me entrega"- em entrevista a um programa de TV israelense em dezembro de 2006.
Sobre a imperfeição do mundo: "Sem imperfeição, você e eu não existiríamos"- no documentário O Universo de Stephen Hawking, transmitido pelo Discovery Channel em 2010.
Sobre eutanásia: "A vítima deve ter o direito de acabar com a própria vida, se ela quiser. Mas eu acho que seria um grande erro. Por pior que a vida pareça, sempre existe algo que você possa fazer e ser bem-sucedido. Enquanto há vida, há esperança"- fala citada no site de notícias People Daily Online, em junho de 2006.
Sobre a possibilidade de contato entre seres humanos e extraterrestres:"Acho que seria um desastre. Os alienígenas provavelmente estão bem mais avançados que nós. A história do encontro entre civilizações mais avançadas com povos primitivos neste planeta não é muito feliz, e eles eram da mesma espécie. Acho que devemos manter a cabeça baixa"- no programa In Naked Science: Alien Contact, do canal National Geographic, em 2004.
Sobre ser diagnosticado com uma doença neuromotora: "Minhas expectativas foram reduzidas a zero quando eu tinha 21 anos. Tudo desde então tem sido um bônus"- em entrevista ao The New York Times, em dezembro de 2004.
Sobre a morte: "Eu tenho vivido com a perspectiva de morrer cedo nos últimos 49 anos. Não tenho medo da morte, mas não tenho pressa para morrer. Eu quero fazer muita coisa antes disso"- em entrevista ao jornal britânico The Guardian, em maio de 2011.
(Texto e foto da BBC Brasil).
(Texto e foto da BBC Brasil).