terça-feira, 20 de junho de 2017

Noturna e cansada

Incomodei e não foi pouco, mas isso de que eu saí atirando não foi bem assim. Depois de 4 anos, dois como suplente e dois como titular, acumulando ainda com as funções de Ministro do STJ, não quis que na minha última sessão no TSE coubesse discurso de lantejoulas, rasgação de seda e tal.
Ao agradecer, me permiti registrar críticas ao formato de mais de 50 anos, ainda hoje predominante, da nossa Justiça Eleitoral. Verbis:
“Instituída por Getúlio Vargas há mais de 50 anos, a Justiça Eleitoral juntou-se ao Poder Judiciário da União Federal como um dos compromissos inadiáveis da Revolução de 1930. Foi montada, timidamente, com juízes emprestados. É uma Justiça Federal que tem juízes e Ministério Público estaduais e, também, e Ministério Público federais.
À exceção dos dois juristas nomeados pelo Presidente da República para mandatos de dois anos, renováveis apenas uma vez, todos os juízes eleitos por igual período, acumulam funções. Esse formato originário, que se justificava até porque o País era menor, foi ficando. Os longos períodos de abstinência política à força, sem eleições diretas e de bipartidarismo imposto, empurraram a Justiça Eleitoral para o sombreado da cena no palco, quase na coreografia.
Hoje, pela Constituição de 1988, a Justiça Eleitoral tem função da mais alta relevância. Enquanto o Supremo Tribunal Federal é o guarda da Constituição, responsável pela manutenção da ordem constitucional, o Tribunal Superior Eleitoral tem a seu encargo a afirmação dos valores tutelados – normalidade e legitimidade das eleições.
É Justiça Eleitoral, portanto, que, alistando os eleitores, realizando as eleições e diplomando os eleitos, confere ao regime o poder decorrente da soberania popular. Sua omissão ao exercício pleno de suas tarefas implicaria a diluição da legitimidade das eleições.
O formato de Justiça Eleitoral ainda em vigor, montado há mais de meio século, não serve mais porque não de ajusta às novas responsabilidades constitucionais.
Hoje há, no TSE, um cadastro informatizado com os 106 milhões e 101 mil eleitores (isso em 20 de junho do ano 2000). A cada dois anos temos eleições no País, envolvendo dezenas de partidos e dezenas de milhares de candidatos para um número quase incontável de cargos públicos. A soberania popular, manda a Constituição, há que ser exercida também por meio de plebiscitos e referendos.
Como atender a essa intensa demanda com uma Justiça de juízes emprestados, de servidores requisitados, que comparecem à jurisdição duas vezes por semana? Dentro em breve, uma Corte como a nossa, noturna e quase sempre cansada, não conseguirá cumprir plenamente todas as suas atribuições.
Que tal uma Justiça Eleitoral sem nós? Sem Ministros do Supremo e sem Ministros do STJ? Sem os juristas recrutados na forma tradicional? Para começo de ampla discussão, sugiro uma Justiça Eleitoral com Ministros indicados pelos partidos (dois) dentre os seus juristas. (Mas juristas mesmo); pelo Ministério Público (dois); pela Ordem dos Advogados do Brasil (dois); pelos representantes da mídia impressa e eletrônica (um). Todos, depois de aprovados pelo Senado, seriam nomeados pelo Presidente da República. Trabalhariam em tempo integral e dedicação exclusiva. Teriam mandato de seis anos, renovável por mais quatro.
Governabilidade democrática não se confunde com estabilidade de Governo. O fracionamento partidário, sem uma consciente base popular, transforma os governantes em reféns da insaciabilidade dos grupos políticos sem compromisso com a governabilidade. Há que se priorizar, portanto, a legitimidade da representação popular. Poder sem representatividade não tem credibilidade. O Povo poder até temer, mas não respeita.
A democracia não se realiza sem a motivação cultural dos eleitores, sem a predominância da ética, sobre a banalização da política, sem o aprimoramento da Justiça, sem a organização das comunidades contra a nossa estupida concentração de renda, sem o combate firme à corrupção.
Nada do que nos incomoda e nos motiva aconteceu de repente. Encontro nestes versos de Almada Negreiros, poeta português, alguma explicação:
Quando eu cheguei devia ser tarde / já tinham dividido tudo / entre os outros e seus descendentes / só havia o céu por cima dos telhados / lá muito alto / para eu respirar / e sonhar.
Tudo o mais / cá em baixo / era dos outros e seus descendentes. / a terra inteira / era estrangeira   / mais este pedaço onde nasci. / Não me deixaram nada /nada mais que o sonhar. (...) e eu que não sei sonhar senão a vida / e que não sei viver senão o sonho / hei de ficar aqui / entre os outros e os seus descendentes? “.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

A dor moral

Quando é com os outros, você não faz idéia do quanto é danoso. Só a pessoa sofrendo, ofendida em sua honra, pode saber o quanto a dor moral é uma dor profunda e sem limites.
Nada cura a dor moral. A condenação legal serve apenas como satisfação aos outros, ao meio social em que se vive. Para o ofendido não é mais que um bálsamo, um breve bálsamo. Transmuda-se em cicatriz invisível, e fica para sempre.
Costumamos nos indignar com outros crimes, os que tem bala ou faca e sangue. Os crimes contra a honra das pessoas parecem não nos sensibilizar. Enquanto não é conosco.
Em muitos casos, ao contrário, induzidos pela irresponsabilidade com que são pautados alguns veículos da mídia, somos muitas vezes até tentados a admitir a procedência das ofensas e, assim, irresponsavelmente também, nos acumpliciar.
Nem mesmo os juízes, alguns juízes, poucos juízes, ainda bem, parecem compreender o grande mal que se faz ao não tratar os casos de crimes contra a honra com todo o rigor que merecem.
Ninguém pode violar a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem das pessoas, sob pena de ter que indenizar o ofendido por dano material ou moral, sem prejuízo das sanções penais e administrativas, quando for o caso.
Não obstante, ainda tem gente que parece não acreditar nisso e, apostando na impunidade, prossegue na sanha de querer enxovalhar os outros.
Ora, a honra de uma pessoa, já o disse outras vezes, integra a sua vida, a sua sanidade. É o vigor do seu caráter. A honra ferida sangra e dói até mais que o corpo na facada. O dano de um crime contra a honra não é menor que o dano causado por qualquer outra lesão a direito individual.A honra engrandece a vida, elevando a pessoa para a afirmação da sua plenitude como criatura divina. A desonra humilha, adoece a moral, deprime a alma, ofende a Deus.
Uma pessoa pode ser despojada dos seus bens materiais, suas sandálias, suas vestes, seu teto e, ainda assim, sobrevivente do flagelo, redobrando forças, parceira da esperança, recupera o que perdeu. Ou até consegue mais.
Mas uma pessoa ferida pela desonra, a sua reputação depreciada, confundida com os nulos de caráter, os indigentes morais, também se levanta. Porém, com mais dificuldades.
Enquanto subsistirem na memória coletiva aquelas duvidas semeadas pela ofensa, estará sempre diminuída, como se lhes faltasse um pedaço, alguma porção de um valor indissociável da sua personalidade, da sua honra.
Sim, a honra se afirma inseparável da pessoa. Ninguém a adquire a não ser com a conduta de bons exemplos. Ninguém a amplia a não ser com o respeito com que vai se impondo. Ninguém a consolida a não ser com o reconhecimento do meio social em que vive.
Uma pessoa honrada é um patrimônio moral da sociedade, motivo de orgulho para todos. Sua boa fama atravessa o tempo. Será honrada não apenas no seu tempo de vida, mas em outros tempos, além de sua vida.
Daí a proteção legal. Calúnia, difamação e injúria são crimes em todas as leis do mundo civilizado não só porque causam lesões graves à honra das pessoas, enodoando reputações, mas também porque, alvejando a auto-estima, estimulam rixas servindo, assim, à disseminação do ódio e da inveja, em prejuízo da justiça e da paz, pressupostos maiores para a construção de sociedades menos desiguais.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Porandubas do Torquato

Perspectivas e características

Quais as perspectivas que se apresentam ao Brasil em um contexto de crise? Sairemos da crise logo? As reformas passarão? Confesso que temos na frente um oceano e interrogações. Mas uma historinha do amigo Sebastião Nery sobre as perspectivas pode ajudar a responder:
Luís Pereira, pintor de parede, dormiu com 200 votos e acordou como deputado Federal. Era suplente de Francisco Julião, líder das Ligas Camponesas, em Pernambuco, cassado pela ditadura. Disseram a ele: prepare umas palavras bonitas para dizer à imprensa. Escolheu alguns termos que gravou bem na cachola. Chegou a Brasília de roupa nova e coração vibrando de alegria. Murilo Melo Filho, colunista da Revista Manchete, logo no aeroporto, jogou a pergunta abrupta:

- Deputado, como vê a situação?

Nervoso, surpreso, sem saber o que dizer, tascou as duas que considerou as mais apropriadas para os jornalistas:

- As perspectivas são piores do que as características.

Pois é, a esta altura, tem muito Luís Pereira perorando por aí...

Clima geral

O clima é de muita expectativa. O Brasil parece assistir a um espetáculo com finais surpreendentes. Há uma imensa torcida pelo expurgo do presidente da República. Há uma grande parcela que torce para o presidente permanecer em seu assento no Palácio do Planalto. E há uma banda que joga um olho para o norte e o outro para o sul.

Formação de bandas

A primeira banda é composta particularmente pelas oposições, PT, PSOL e centrais sindicais à frente, e, incrível, por boa fatia da mídia. A segunda banda é composta pelos setores produtivos, razoáveis alas de profissionais liberais e parcela de formadores de opinião. O núcleo que divide o olhar é composto por políticos, muitos a favor do presidente, uma parte já desatrelada da base governista e um terceiro grupo em compasso de espera. Analisemos cada uma.

Oposições

O PT e outros partidos de oposição querem ver Michel Temer fora do Planalto. Mas carregam imensa preocupação. Seu líder maior, Lula da Silva, complica-se, a cada dia, com denúncias contra ele avolumadas, o que o torna muito próximo da República de Curitiba. A recém-eleita presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, também está implicada na operação Lava Jato. O afundamento do PT não o qualifica como protagonista da ética e da moral. Os grupos sindicais, por sua vez, se posicionam contra o governo por distinguir nele o rolo compressor das reformas. E, como se sabe, o que as centrais querem mesmo é defender as contribuições compulsórias que abarrotam seus cofres.

Mídia

As oposições contam com o escancarado apoio de parcela importante da mídia, caracterizada por coberturas enviesadas dos veículos do Grupo Globo: TVs, jornal e seus canais eletrônicos nas redes. Aliás, o viés que se percebe na cobertura da crise por parte dos profissionais - repórteres e analistas da Rede Globo - é o mais forte e intenso que se viu na contemporaneidade, ultrapassando, até, a afamada cobertura enviesada do debate Collor X Lula em 1989.

Globo I - viés

Recordando os dias de ontem. O ex-chefão da Globo, Boni, chegou a admitir: "Colocamos as pastas todas ali com supostas denúncias contra Lula, mas estavam vazias". Pois bem, a cobertura diária da crise toma longos minutos da TV Globo, com repetições do áudio da conversa que Joesley Batista gravou com o presidente Temer. Os comentaristas da Globo News, principalmente no Jornal das 10, emendam o que disseram na noite anterior. O lengalenga não contém fatos novos. É visível o esforço de um ou outro para buscar um ângulo novo, algo que traduza nova situação. O repeteco tornou-se um caso de linguagem tatibitate. Por que a Globo enviesa o noticiário?

Globo II - aposta na saída

Lauro Jardim foi quem deu o furo, quando vazou parte do conteúdo da gravação. No dia seguinte, percebeu-se que o jacaré havia se transformado em lagartixa: a ajuda financeira ao ex-deputado Eduardo Cunha para se manter calado não foi a grande nota como o Globo anunciava. Nesse trecho, o gravador de Joesley dizia: "Eu tô de bem com o Eduardo". Ao que o presidente retrucou: "tem que manter isso, viu?". Ora, para manter a ideia inicial, o sistema Globo teria optado por manter a denúncia que assumiu, "comprando" as denúncias feitas pelo PGR. É o que explica o viés continuado do noticiário. O jornal O Globo chegou, até, a produzir um editorial, pregando a saída do presidente, antecipando-se à decisão da Justiça. Aliás, a Folha de S.Paulo também fez um editorial na mesma direção.

Globo III - furo, acomodação, repetição

O furo continua a ser o alvo da mídia. A notícia dada em primeira mão tem um tremendo impacto. Pois bem, pelo tom global, os últimos 15 dias foram dados como fatais. O presidente não resistiria um minuto a mais. Se continua resistindo e, assim, contrariando o noticiário, o tom do dia seguinte se torna ainda mais agudo. Nas entrelinhas ou entreouvidos, as palavras até poderiam ser essas: "não é possível que esteja resistindo; vou dar mais uma porrada, vamos ver se ele resiste a essa". Por outro lado, é visível a acomodação, a ausência de apuração de dados, o que transforma o oba-oba dos comentaristas em algo insosso, inodoro e incolor. Discurso da mesmice.

A fúria

Comentaristas de outras emissoras também peroram com muita fúria. Cometem a síndrome do touro: pensam com o coração e arremetem com a cabeça, quando deveriam fazer o contrário. Afinal, a cachola serve ao ser pensante. Onde está a racionalidade, a lógica? Interessante é observar que ninguém quer dar a mão à palmatória. Há semanas, a grande maioria dos analistas dava como certa a derrota de Michel Temer no TSE. Agora que começa o julgamento naquela Corte, os mesmos que tinham tirado a fatura da derrota reconhecem (sem pejo) que o presidente poderá obter vitória naquela Corte.

Achismo

O fato é que a maior parte dos analistas políticos trabalha à base do "achismo", mescla de vaidades, donos da verdade, excesso de confiança em seus sentimentos. Onde estão os grandes intérpretes da política e dos costumes? Foram embora. Não há mais figuras do porte de um Carlos Castelo Branco ou de um Vilas Boas Correa. O que vemos é um desfile de trôpegos da análise, caolhos da verdade, gagos de densidade expressiva.

Loteria

Mais parece que analistas e comentaristas (observo que ainda há também sérios e honestos) apostaram na loteria da queda de Michel Temer e querem ganhar de qualquer maneira. Há muita curiosidade para vermos como se comportarão alguns "mestres" da análise política caso o presidente suba a montanha e chegue ao final do governo. O que dirão? Atribuirão o fato à ineficiência do Judiciário? Podemos, por outro lado, adivinhar o que fatalmente dirão se o presidente cair: "bem que eu disse, bem que nós antecipamos, vejam só quanto estávamos certos".

Setores produtivos

Já os setores produtivos estão alinhados ao governo na defesa das reformas, a partir das já realizadas - teto do gasto, na área da educação, na lei da terceirização - e as reformas trabalhista e previdenciária em curso. A marca do governo Temer é o reformismo. Evidentemente, os sinais de mudanças na estrutura do Estado entusiasmam empreendedores e investidores, que vêem o Brasil sair da maior recessão econômica de todos os tempos e abrir novos horizontes, com queda de juros e rígido controle inflacionário. Profissionais liberais, que têm pensamento de vanguarda, identificam-se com tais posições, enxergando no PT e em seus governantes os culpados pelo buraco do qual procura sair o país.

Os políticos

Quanto aos políticos, o que precisamos observar é o pragmatismo que os inspira. O fato de usarem os dois olhos para enxergar para onde irá a balança quer dizer que pensam, sobretudo, em sua salvação. Apostam no futuro. Se perceberem que a tendência será a de continuidade na gestão, penderão para o lado do governo. A recíproca é verdadeira. E mais: se atentarem para o fato de que Lula, mesmo encarnando o papel de demônio, terá condições de ser candidato em 2018, abrirão para ele os braços. Claro, há grupos que manterão distância do petismo.

Vídeo por demanda

Um estudo feito pela Nielsen em 60 países mostra que quase 2/3 dos entrevistados assistem a alguma forma de programação de vídeo on demand(VOD), esse sistema que permite ao usuário selecionar filmes e seriados de forma interativa, uma espécie de locadora virtual. Esse hábito de consumo se expande no mundo. 43% das pessoas entrevistadas dizem fazer isso pelo menos uma vez por dia, enquanto na AL, 24% dos assinantes de TV paga afirmam que planejam cancelar seu serviço a favor de um provedor somente online. Mas poucos realmente cancelam seu serviço. As TVs por assinatura ainda têm seu espaço econômico e função social.

Brasil analisa

Agora, vejamos as implicações por nossas plagas. Lembremos que a AT&T firmou acordo para adquirir a Time Warner por US$ 85,4 bilhões. O que explica isso? Mudanças que ocorrem na produção e distribuição de conteúdo em todo o mundo. No Brasil, esse processo de fusão está em análise no Brasil pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e também nos Estados Unidos. Já foi aprovado em todos os outros mercados internacionais em que as empresas atuam.

Ancine é contra

A Agência Nacional do Cinema (Ancine) se posicionou contra o negócio, enquanto a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) espera decisão do Cade sobre a fusão AT&T/TW para analisar questões regulatórias. Se o Cade impedir a fusão, a AT&T precisará tomar a decisão de Sofia: vender a Sky ou abrir mão da operação dos canais do Grupo Time Warner no Brasil. O que será pernicioso para o consumidor, pois isso significa retirá-lo da grade de todas as operadoras de TV por assinatura. A saída para os fãs de HBO, Cartoon Network e CNN, entre outros canais, será recorrer ao conteúdo online.

Migração para internet

A consequência se dará na migração rápida de assinantes de TV paga para a internet, uma vez que os espectadores continuarão consumindo seus conteúdos preferidos, legal ou ilegalmente. O mercado de

TV por assinatura corre risco.

Gaudêncio Torquato, Jornalista e Cientista Político, é Professor na Escola de Comunicações da Universidade de São Paulo.

sábado, 3 de junho de 2017

Meu Brasil brasileiro

Eu também tenho minhas fontes e o Seu Damásio é uma delas. Ontem, manhã bem cedo, ao conferir as captações da rede social, ele já disparara uma manchete alvissareira:
- Maranhão lança mutirão contra a corrupção!
Nem me apressei em ver o corpo da matéria. Sempre que me chega algo com tantas alvíssaras e estando sem ninguém por perto como agora, manejo um tempinho só para mim e mergulho ou decolo em benfazejas utopias rápidas, alegres e variadas.
Essa do seu Damásio chega a ser emocionante. Até demais. Tanto que me dano a rir sozinho. Em gargalhadas mis.
Já tem pesquisa de Harvard ou Princeton, não lembro bem, garantindo que as pessoas com hábito de falar sozinhas tem melhor estrutura mental.
Quando eu era menino, em São Luís, conheci o João Batalha, sempre candidato a Vereador, que não só falava sozinho andando, mas também gesticulava.
O sol despontou e logo esmoreceu como se quisesse ceder sua vez a alguma chuva. O tempo frio não arredou. O mutirão contra a corrupção não me saiu da cabeça. Motivo de orgulho. Onde já se pensou neste País numa coisa dessas, assim tão abrangente e, penso eu, com efetiva participação popular?
Fica aí todo mundo achando que tudo quanto é mal feito tem que estar sob a mira da força tarefa de Curitiba, seus jovens Juízes e intrépidos Procuradores Federais.
Gente, não é bem assim. A Lava Jato só cuida dos casos de corrupção que de alguma forma, direta ou indiretamente, tenham a ver com as roubalheiras na Petrobrás.
O mais que temos visto são outras vadiações com bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico, o BNDES. Compra de banco falindo pela Caixa Económica Federal para depois de saneado ser vendido a bom preço a outro banco cujo dono foi preso. Mas logo solto. Lembram?
Nessas vadiações e promiscuidades, e é sempre bom lembrar, que esses bilhões foram furtados do seu, do meu, do nosso dinheiro que pagamos em impostos - uma das maiores cargas tributárias do mundo - a um Estado decadente e perdulário que gasta mais do que arrecada e agora sabemos que não são apenas os gastos, são também, e em maior escala, as propinas e doações a campanhas eleitorais milionárias que resumiram a prendas de leilão de largo de festa de santo padroeiro os mandatos eletivos no Executivo e Parlamentos nos três níveis federativos.
Os dois traquinas que pegaram bilhões de reais em empréstimos no Brasil para comprarem empresas nos Estados Unidos, onde levam vida de folgados, tendo levado daqui até iate particular, eram tidos como “campeões nacionais” na avaliação dos Governos dos últimos governos.
A análise que o Senador Álvaro Dias apresentou ao plenário do Senado dá conta de que num período de seis anos, o Governo Federal, ou seja, a União Federal, que é formada pelos Estados, Munícipios e Distrito Federal, emprestou ao BNDES 716 bilhões de reais.
Mas como o Tesouro Nacional não tinha tanto dinheiro, o Governo tomou emprestado aos bancos a juros de mercado, a 14,25% ao ano pela taxa SELIC, aquela que lasca o contribuinte devedor da Fazenda Nacional.
A dinheirama foi repassada à JBS, à Odebrecht e outras a um custo de entre 5% e 6%, pela TJLP. Eles têm 42 anos para pagarem esse empréstimo. Haja Lava Jato!
Assim, feliz porque o Maranhão não teve nem terá a mínima condição de se emparelhar com esses avanços do Brasil em matéria de corrupção, até porque segue sendo um Estado de coisas menores, ou conforme o pior, de estatísticas maiores, retorno a minha fonte matinal:
- Sua informação procede, Seu Damásio. Eu, como algumas vezes, é que não me controlo no otimismo, quase delírio. Procede em parte. O mutirão será de juízes em suas Comarcas julgando, preferencialmente, ações contra denunciados por corrupções menores, quero dizer, as que costumam acontecer nas administrações municipais e também na estadual. É pouco, sim. Mas vale a pena.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Receita de vatapá

Algo em torno de 10 mil "grampos" resultaram no volumoso material que está por ser degravado, lido, ouvido e conferido pelo Ministro Edson Fachin, Relator da Lava Jato no STF.

A lei sobre escutas telefônicas autorizadas judicialmente para fins de investigação criminal determina que as conversas fora do contexto deverão ser isoladas e os áudios, geralmente em CD, devem ser imediatamente destruídas.

Isso, inclusive, para evitar danos contra pessoas inocentes, ou seja, pessoas que no decorrer da vigência da autorização das escutas acabam caindo no "grampo" e que não são alvo de qualquer acusação ou suspeita.

Agora imagine só o trabalho que isso, sob o maior sigilo entre o Ministro Relator e sua equipe, vai dar.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Às ruas, cidadãos!

Ou vamos todos para as ruas, primeiro para discutirmos os pontos essenciais das mudanças e, obtido o consenso, enfiarmos nesse Congresso, goela adentro, um projeto de iniciativa popular para a reforma política ou, sei não, seguiremos como cegos batendo bengala no chão fofo até despencarmos num despenhadeiro institucional.

E aí vai ser tão difícil retomarmos a longa estrada das liberdades democráticas quanto o foi na última ditadura.

Eleições periódicas com regras ditadas pelos que se mantém na dominação total não legitimam nada, só servem como coreografia do espetáculo falsamente democrático, até porque, para eles, a melhor lei eleitoral é aquela pela qual possam sempre ser eleitos e infinitamente reeleitos.

Não há dita dura ou dita mole. Tudo que solapa o direito da Nação à alternância na gestão do Governo e, por consequência, amplia o fosso entre a sociedade e o Estado, solapando direitos da cidadania, esmagando as divergências, impondo pelo controle absoluto da mídia o cotidiano da verdade única, nada tem a ver com democracia.

Estamos, todos nós, brasileiros, em especial os maranhenses, até aaaqui - no limite do que a nossa boa fé e santa paciência podem tolerar.

O poder político que por seus partidos abutres controla o Brasil de cima para baixo se imanta de legitimidade artificial. Resulta de engrenagens falsas, jogadas sujas, de lances fora das regras que eles próprios, os que fazem do exercício da politica um rendoso meio de vida, nos impõem de dois em dois anos.

A autonomia plena que a Constituinte com a melhor das intenções deu aos partidos tem servido para fortalecê-los, sim, mas como pequenas empresas de grandes negócios. E negociantes.

Os horários de rádio e de TV ocupados pelos partidos não são nada gratuitos. Ao contrario da proposição da lei. Não apresentam ideias realizadoras para algum debate.

Servem para enriquecer uns poucos e famosos marqueteiros, profissionais em ilusionismo, vendendo candidatos como pessoas de rara inteligência, competência, probidade e alta sofisticação, mesmo sabendo que muitos deles já foram vendidos antes em outros mercados.

Só a iniciativa popular terá poder para reduzir pela metade o numero de Deputados e Vereadores e ainda de Senadores por Estado. Por que três Senadores? Dois bastam. E por que mandato de oito anos? Cinco anos bastam, coincidindo com os mandatos executivos, que voltarão a cinco anos, sem reeleição.

As eleições para Deputados e os Vereadores serão um ano antes do Presidente, dos Governadores e dos Prefeitos, ensejando espaços para debates entre candidatos e com a participação de lideres da sociedade civil.

Com o voto distrital e o fim da propaganda dita gratuita dos partidos no rádio e na TV haverá mais espaço para menos candidatos e os debates focarão questões de maior interesse das comunidades nos distritos. O eleitor poderá acompanhar de perto a atuação do eleito e que não fizer bem o seu trabalho não será o mais votado na eleição seguinte.

Acabaremos também com esse festim de partidos sem votos, mas com atuação nos legislativos e que pelo alto preço que cobram só dificultam a governabilidade.

O partido que não obtiver um percentual razoável de votos num determinado numero de distritos só terá fôlego para concorrer por até dez anos, mas não terá atuação parlamentar.

Os partidos terão de atuar a partir das bases, proibidas as reeleições de seus dirigentes e as prorrogações das suas comissões provisórias. Todos os candidatos que terão que passar antes por eleição prévia com voto obrigatório direto e secreto de todos os filiados numa Convenção.

Dirigentes partidários terão que ser inelegíveis para qualquer cargo público ante o ostensivo conflito de interesses. Assim poderá haver o voto em lista, ou seja, o voto apenas no partido que já terá escolhido, antes, a sua chapa em cada distrito.

Fim das coligações partidárias e do voto proporcional. Esses são outros fatores do atraso democrático.

Financiamento público de campanha, mais do que já existe? Instituiremos contribuições apenas de pessoas físicas em limites fixos para cada cargo e lugar, deduzindo-as do imposto de renda. Será o incentivo fiscal para a democracia.

Oportuna conquanto patriótica, revestindo-se de maior importância, a iniciativa da Federação das Indústrias de São Paulo em lançar a campanha por Reformas Políticas Já!


É o que ainda nos resta entre as poucas réstias de esperanças. Representatividade sem legitimidade não faz democracia.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Alguns remorsos

Como o tempo muda as coisas. Num encontro, em 2015, com padres e freiras, incluindo um Bispo, no Instituto Lula, em São Paulo, o homem parecia um comparsa da verdade, de tão inspirado.
Nada do que resultou nestes tempos de agora, ainda inundados de incertezas e ansiedades, quando a Operação Lava Jato sob a inspiração do Juiz Moro e ações profissionalíssimas, dir-se-ia igualmente cívicas, do Ministério Público e da Policia Federal começava a abrir as cortinas do passado, quando isso tudo aí ainda parecia inimaginável, o Lula falando a religiosos católicos em São Paulo, desabafou:
- A taxa de aprovação da companheira está no volume morto.
Os paulistanos viviam então sob um rigoroso racionamento de agua porque não obstante as chuvas alagando o País em muitas regiões o precioso liquido não caia em quantidade suficiente para tirar do volume morto as seis represas do sistema Cantareira.
- Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto. Todos estão numa situação muito ruim. E olha que o PT ainda é o melhor partido. Estamos perdendo para nós mesmos — disse Lula.
E seguiu falando:
Acabamos de fazer uma pesquisa em Santo André e São Bernardo, e a nossa rejeição chega a 75%. Entreguei a pesquisa a Dilma, em que nós só temos 7% de bom e ótimo. O momento não está bom. O momento está muito difícil.
Ao entregar a pesquisa a Dilma, Lula tentou conforta-la:
- Isso não é para você desanimar, não. Isso é para você saber o que a gente tem, que a gente tem que mudar, que a gente pode se recuperar. E entre o PT, entre mim e você, quem tem mais capacidade de se recuperar é o governo, porque (o governo) tem iniciativa, tem recurso, tem uma máquina poderosa para poder falar, executar, inaugurar.
Na interlocução, os clérigos, uns trinta, incluindo o bispo D. Pedro Luiz, naquele tom usual de confessionário, um de cada vez, é lógico, deram lá seus conselhos, inclusive que o partido retome as liturgias do começo, quando atuava mais ao lado dos trabalhadores. Lula acusou Dilma de ter distanciado o Governo dos mais pobres.
- Ela tem dificuldade de ouvir até mesmo os conselhos que eu tento lhe dar. Falar com a população não é agendar para falar na televisão. É viajar e falar.
Revelando o truque:
- Na hora que a gente abraça, pega na mão, é outra coisa. Política é isso, olhar no olho, passar a mão na cabeça, o beijo.
Sobre o terceiro andar do Palácio do Planalto, onde a Dilma passa a maior parte do tempo:
- Aquele gabinete é uma desgraça. Não entra ninguém para dar boa notícia. Os caras só entram para pedir alguma coisa. E como maioria que vai lá é gente grã-fina... Só entrou lá um leproso (hanseniano) porque eu estava no governo. Entrou catador de papel porque eu estava no governo. Essa coisa se perdeu.
Lula contou que sugeriu a Dilma viajar por esse país, botar do pé na estrada:
- Petista não pode ter medo de vaias. Uma das armas para recuperar a combalida gestão é investir num Plano Nacional de Educação. O problema é que o próprio PT desconhece o conteúdo do plano.
Numa noite, semanas antes, Lula esteve a sós com Dilma numa sala do térreo do Palácio da Alvorada. Na antessala, esperavam-nos Wagner, Mercadante, Roseto e Falcão.
Lá para as tantas, os tons das vozes foram se alterando e deu para ouvir aquela voz rouca, inconfundível:
- E você sabe qual foi o maior erro político que eu cometi na minha vida? Botar você nesse lugar.
E o maior erro político da Dilma, qual terá sido?
Como o tempo muda as coisas. Dias depois do encontro com os clérigos, uma forte gripe isolou o homem em seu apartamento em São Bernardo do Campo. Dona Marisa cuidando dele. 
- Tomou a vacina, Lula?
Não estaria com bom humor para a pergunta:
- Qual? Aquela que dizem que mata velho?

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Falemos sobre a Cecília

Com o pão de queijo quentinho entre o polegar e o indicador da mão esquerda enquanto segura firme com os da mão direita uma pequena xicara azul de ágata com café, o editor da semanal não dissimula o tom de enfado.
– O sensacionalismo linear, a ênfase na velha novidade de que a política está infestada de ladrões, o contraditório ínfimo que só dá espaço às lépidas negativas de sempre, essa fórmula que mais homenageia a preguiça mental do que respeita a verdade real, pode levar ao desgaste o interesse que ainda é geral pela lava a jato.
Concordamos em números, gêneros e graus que as investigações são imprescindíveis e que pelas fontes e indícios disponíveis, muitos visíveis a olho nu, nossa democracia não soçobrará se a faxina não alcançar a todos os poderes, isso mesmo, Executivo, Legislativo e Judiciário nos três níveis federativos.
Esses nomes atirados em listas generalizadamente pouco servem. As pessoas querem mais. Elas gostam de histórias. Já sabem que o alguém da lista roubou e não foi pouco. Ocorre que nem tudo é bem assim. É preciso informar o que pesa contra cada um. Inclusive os artigos de leis, em tese, afrontados. E no mesmo espaço, a resposta de cada um.
As coisas como estão indo, nessa promiscuidade desembestada de nomes, as pautas perderão o interesse da população. No listão dos últimos dias vi que dois até já morreram.
Afora outras impropriedades entre o que realmente saiu da fonte originária da informação e o que linearmente, como se todos os casos fossem iguais, se publicou e repetidamente se divulgou.
No original, por exemplo, o Procurador Geral da República opinou pelo arquivamento de sete pedidos de investigações, inclusive dois Ministros de Estado (Ymbassahy e Jungman) e um Senador (Romário) e um Deputado Federal (Orlando Silva).
São igualmente sete outros pedidos de investigações de pessoas não identificadas relacionados aos governos dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Todos entre os anos 80 e 90 do século XX. Nestes casos também o PGR propõe arquivamento.
A leitura da lista crua, sem o porque de aqueles nomes estarem ali, o que induz a maioria leiga e menos informada a acreditar que já estão formalmente acusados ou até condenados, só amplia o desassossego e aumenta a confusão.
O meu amigo editor propõe mudarmos de assunto. Mais que depressa pergunto pela Cecília. Como se devassasse a memória em busca da Cecília melhor encaixável nessa brusca mudança de pauta, exala descontração, sorriso aberto e meio intrigado – ah você sabe! ?
A Cecilia, oh cara, é argentina de Mendoza. Há dois anos, quando perdeu a irmã apelidada de Xuxa e depois o amigo Cherry, caiu em depressão profunda, em visível perigo de vida.
Por um ano advogados pelejaram contra a morosidade  tentando uma ordem judicial para que Cecilia pudesse vir morar no Brasil entre os seus parentes, que somam mais de cinquenta numa comunidade em Sorocaba, em São Paulo.
Ela tem 20 anos de idade e já conheceu um cara chamado Billy, adolescente de 15 anos, que já lhe assedia com todo respeito, é bom que se diga.
A história de Cecília, o primeiro chipanzé a ser libertado por um “habeas corpus” no mundo dos humanos, onde trafegam uns tantos nem tanto, ainda não foi contada no rádio nem na televisão. Nem nas revistas semanais.
A Juíza Maria Alejandra Mauricio, ao conceder a ordem para tirar Cecilia do cativeiro, não só mandou fechar o Zoológico de Mendoza como autorizou sua mudança para Sorocaba, São Paulo, Brasil.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Dois pesos

Nada contra o Juiz despachar de onde for alcançado pelo pedido urgente. Afinal, se há um agente público que não deve em lugar algum desencarnar da função, por si só imensamente sublime, esse alguém é o Juiz de Direito.

A atitude da Ministra Maria Thereza mandando ver do seu Gabinete em Brasília ao lugar onde estava em trabalho, exatamente Paris, os autos do “habeas corpus” que lhe coube por distribuição merece encômios. 

Em nós outros, pobres mortais, acende-se uma chama, ainda que tímida, mas insistente, a nos dizer que ainda vale a pena confiar na humanidade.

Centenas de milhares de pessoas, jovens ou velhos, se amontoam agrilhoados sob o peso invisível da injustiça mofando como se fossem animais selvagens inofensivos por já não terem mais músculos saudáveis para continuarem lutando.

Não é segredo que mais da metade dessas pessoas encarceradas são presos provisórios, o que significa dizer que esse atual estado de coisas, desorganizado, corrupto e cruel, sequer é capaz de lhes apontar uma acusação formal que possa resultar em alguma culpa formada.

A força da lei hoje equivale à ineficácia das sumulas. Quando interessa, vale. E o que se passa no coração dos Juízes ou Juízas lá no fundo, quem é maluco de querer adivinhar? Ouse pensar. Só pensar. É ouvir a voz da injustiça travestida de hermenêuticas talvez captadas de algum outro planeta e ficar frio. 

O entendimento de agora poderá vir a ser amanhã o mesmo a prevalecer em sentido contrário.

A lei processual penal, por exemplo, determina que se a presidiária, sentenciada ou não, é mãe de filho menor de 12 anos, pode o Juiz converter a segregação em prisão domiciliar.

A Ministra Maria Thereza ante a requisição do remédio heroico, o “habeas corpus”, para atender à súplica de uma mãe presa, ainda sem culpa formada, agiu rapidamente e deferiu a liminar. 

Desde ontem que a senhora Adriana Ancelmo, esposa do ex-Governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, não mora mais no complexo penitenciário de Bangú. Quem ficou lá, por enquanto, foi só o seu marido.

Os dois, como é público e notório, estão em prisão provisória à disposição da Justiça Federal, sob graves acusações de malfeitos contra o erário. O casal tem filhos menores e a Ministra do STJ entendeu que eles, os filhos, carecem da companhia materna, na forma prescrita pelo Código de Processo Penal, Artigo 318, Inciso V.

A Policia Federal deu uma geral no apartamento da família Cabral para concluir que a doutora mamãe não fará uso de qualquer meio de comunicação. O que, por tabela, pune também as crianças que ficarão sem internet, sem celular. E tal.

Tudo seria melhor se todos os Juízes do Brasil, incluindo Desembargadores Federais e Estaduais, e também Ministros e Ministras do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, mirassem no exemplo da Ministra Maria Thereza e, assim, incontáveis pedidos de liminares em questões de tanta urgência, urgentíssima, não restariam esquecidos.

Melhor sorte, porém, não teve a senhora Leide Diana Lopes Conde, a qual apesar da semelhança fonética com a Princesa até hoje idolatrada na Inglaterra, vai continuar na cadeia. Ela e o marido. 

Horas depois o mesmo STJ negou à senhora Leide o direito de cumprir a pena em casa de modo a dar assistência, apoio e carinho aos seus dois filhos menores. Um de três anos e outro de 8 anos de idade.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Vagas, agora são duas

Com a saída voluntária de José Serra do Ministério das Relações Exteriores aumentam as vagas no primeiro escalão do Governo Temer.

O Presidente agora tem escolher dois titulares - um para o Ministério da Justiça, vago com a ida de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal e outro na Chancelaria vago desde ontem à noite com a renúncia de Serra.

Por onde andava, Temer só ouvia elogios à atuação de Serra como Ministro das Relações Exteriores. Acontece que um valor mais alto se impôs - a saúde que não estará totalmente recuperada se ele não conseguir se manter quieto por seis (06) meses convalescendo da cirurgia na coluna a que se submeteu no ano passado.

Serra não poderá sequer viajar de avião. Então, vai reassumir seu mandato de Senador por São Paulo e ficar por conta do que mais gosta de fazer - política.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Ela gostou

Era tão arredia à política e aos políticos que ao anúncio de que seria a candidata de Lula à sucessão de Lula o então Deputado Eduardo Alves (PMDB-RN) acorreu ao Palácio do Planalto levando-lhe um presente por demais sugestivo - um bambolê.

Sim, Dilma para vencer as eleições e depois governar o País teria que lidar com políticos o tempo todo, o que ela detestava. Daí teria que aprender a rebolar, rebolar, rebolar. Usando o bambolê aprenderia mais rápido.

Àquela altura ninguém sabia nada sobre o verdadeiro leilão que nos recônditos da República já se travava entre os maiores empreiteiros do País - quem dá mais? Quem dá mais?

Arrematar ao correr do martelo, melhor dizendo, ao correr de caixas dois, a Presidência da República do Brasil, ora, quem tendo bilhões e mais bilhões em dinheiro, quem não se arriscaria num negócio desse?

Então, aprender a rebolar para fazer bonito com o povão conquistando-lhe simpatia, prá que? Não precisava nada. E até caprichou no estilo carrancudo, de pessoa eternamente mal humorada, sempre fazendo caras e bocas de quem não quer nada mesmo. Nem ovo.

Parecer boazinha com os políticos? Outra ingenuidade deles. Ela estava convicta de que nunca iria precisar daquela plêiade de gente chata que só sabe pedir, pedir, pedir e cada vez mais pedir obras para os seus redutos eleitorais ou empreguinhos para os seus cabos eleitorais. E empregões para os mais seus.

Ela seria eleita, como o foi duas vezes, sem coçar a bolsa. E só ficou seis anos pintando e bordando no papel de Presidenta porque os empreiteiros que ela achava que resolveriam tudo financiando/comprando políticos no feirão dos partidos, moldando-os às suas projeções e interesses, não podiam tudo ou não sabiam tudo. Só sabiam comprar à vista e com dinheiro vivo.

Não obstante, não obstante, e ponham-se mais não obstantes nisso, ela agora teve uma epifania - sairá candidata a senadora ou deputada federal nas eleições do ano que vem. Mas vejam só - foi ela manifestar tão humilde pretensão e a Policia Federal encaminhar ao Procurador Chefe da República o inquérito em que lhe acusam de obstrução da Justiça.

E como, aos poucos, os pauteiros da mídia tupiniquim, como diz o Mino, vão aos poucos se lembrando dela. O Globo, por exemplo, abriu manchete de primeira página ontem assim - "Luz Barata de Dilma custará R$ 62 bi para o consumidor".

É que as empresas transmissoras de energia elétrica calcularam o prejuízo que ela causou ao mandar reduzir  20% (vinte por cento) nas contas de luz e a conta - 62 bilhões de reais - vai começar a ser paga por cada um de nós, brasileiras e brasileiras, como dizia o Sarney, e também por moças e moços, como dizia o Itamar.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Lula se entrega

Ante a irreversibilidade do quadro clinico de Dona Marisa, em estado de morte cerebral, o que os médicos se recusam a admitir, o ex-Presidente Lula, convencido da realidade insofismável sobre o estado de quase óbito de sua mulher, após consulta aos filhos, decidiu pela doação de órgãos dela.

O Presidente Michel Temer, o chanceler José Serra e o Presidente da Câmara, Deputado Rodrigo Maia, foram os primeiros a telefonar ao ex-Presidente expressando-lhe sentimentos de solidariedade.

Em mensagem numa rede social, o ex-Presidente agradeceu a todos que nesses últimos dez dias enviaram mensagens de conforto e preces. Confirmou que a família autorizou os procedimentos necessários à doação de órgãos.

A equipe médica, no entanto, resolveu retomar o coma induzido. Embora o cérebro não responda mais a estímulos, o coração de Dona Marisa segue batendo.


Pensou Fachin? Advinhou!

O Ministro Edson Fachin, indicado por Dilma e o que teve o maior tempo de sabatina no Senado, sendo ainda até agora o mais novo na Corte, foi sorteado Relator da Lava Jato na vaga aberta com a morte de Teori Zavascki.

Fachin integrava até ontem a Primeira Turma de julgamentos do Supremo Tribunal Federal quando pediu e obteve transferência para a Segunda Turma incumbida de processar e julgar todos os acusados na Lava Jato que tenham direito ao fôro privilegiado.

Agora completa, a Segunda Turma é constituída pelos Ministros Celso de Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandovisk, Dias Toffoli e, agora também, Edson Fachin. O Relator, sempre que o entender, poderá submeter suas decisões à apreciação prévia do Plenário do STF.

Dona Marisa Irreversível

O atual estado clinico de Dona Marisa Letícia, ex Primeira Dama do País, não é de inspirar confiança, segundo a equipe médica do Sírio Libanês, onde ela segue sedada na Unidade de Terapia Intensiva.

Seu marido, o ex-Presidente Lula, passou toda a noite de ontem no hospital na companhia dos filhos e outros familiares unidos na mesma fé de que ela ainda possa reagir positivamente aos danos que o edema cerebral ainda lhe causa.

O cardiologista da família e chefe da equipe médica, o doutor Kalil Filho, considera irreversível o atual estágio da saúde de Dona Marisa, classificando-o como gravíssimo.

Ela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), na semana passada, quando estava em casa, em S. Bernardo do Campo, zona metropolitana de S. Paulo, tendo sido levada às pressas num ambulância para o hospital. Dona Marisa, aos 66 anos de idade, fumante, lutava contra o cigarro.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Dona Marisa sofre AVC

Dona Marisa Letícia estava hoje à tarde em sua casa, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, quando sentiu um mal estar. Socorrida a tempo, foi levada às pressas para o Hospital Sírio Libanês, onde o Dr. Roberto Kalil, o cardiologista que há anos atende a família Lula da Silva, diagnosticou um AVC – acidente vascular cerebral.
O ex-Presidente Lula está inconformado. O estado de saúde da ex-Primeira Dama, 66 anos de idade, é considerado gravíssimo. O Dr. Kalil disse que ela foi submetida a uma arteriografia cerebral depois do rompimento de um aneurisma. Não é possível por enquanto saber quanto tempo durará a cirurgia.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Sábio, discreto e polido

Teori Zavascki foi nomeado por Sarney para a primeira composição do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul). Paulo Brossard deu a Sarney uma lista que incluía Teori e o Presidente então nomeou todos.

No STJ onde Teori chegou nomeado por Lula tivemos estreita convivência. Ele me apresentou Maria Helena (nome da minha mãe), uma Juíza Federal com quem estava casado. Sempre que o reencontrava fazia a mesma pergunta - como está a amiga. Percebia que ele gostava.

Muitas vezes risonho, mas sempre caladão, falando o minimo e no volume baixo, nunca me disse nada sobre a enfermidade que lhe tiraria a mulher a quem amava tanto - câncer.

Quando presidi o STJ costumava ficar no Gabinete muitas vezes até tarde da noite. Nunca fui de deixar papel sobre a mesa para examinar no dia seguinte. E também só ia embora depois que recebia todos os advogados da fila de audiências.

Numa dessas noites, o Teori me ligou. Soubera que eu preparava uma Emenda ao Regimento para convocar Desembargadores enquanto as vagas de Ministros não fossem preenchidas. O TST já fazia isso para descongestionar o tráfego processual.

Ele me ligou apenas para dizer que era contra. Não discutiu nada. Não argumentou. Apenas era contra. Ainda hoje se convoca Desembargador como Suplente de Ministro do STJ.

Caladão daquele jeito, era uma fera em Processual Civil. Sabia tudo. Nos debates reagia quando necessário.

Sempre o vi como um Juiz sereno, um homem polido.

Reencontrava-o na sala de espera do TSE antes das sessões, onde Ministros e ex-Ministros cumprimentavam-se, bebiam água gelada e cafezinho. "Não lhe invejo a vida, Teori", disse-lhe assim que foi indicado para Relator Geral da Lava Jato. Ele sorriu. Mas não disse nada.

O STJ já o havia perdido. E agora o STF se desfalca.

Vai ser difícil para o Temer encontrar alguém do nível intelectual e cívico de um Teori e que, sendo convidado, aceite.

Quem vai?

Um dois assistentes mais próximos a Temer, o Secretário para as privatizações Moreira Franco (o outro é Padilha, Ministro da Casa Civil), disse por telefone ao Jornalista Jorge Bastos Moreno que o Presidente indicará logo ao Senado o nome do novo Ministro da Suprema Corte na vaga aberta hoje com a morte do Ministro Teori Zavascki.

Na forma da Constituição da República, será alguém que ostente notável saber jurídico e ilibada reputação moral. E que seja menor de 75 anos. Moreira apenas adiantou que será um nome alinhado às tradições jurídicas do País.


Temer transtornado

O Presidente Temer estava em seu gabinete no Planalto com o Senador José Medeiros (PSD-MT) quando o telefone tocou. Era a Ministra Carmen Lúcia, Presidente do Supremo Tribunal. Conversa curta, mas suficiente para abalar a República.

- Meu Deus do céu, o Ministro Teori estava no avião.

Logo pediu ao Comando da Aeronáutica que o mantivesse informado sobre as buscas e ainda que desse toda assistência possível no socorro às vitimas e aos seus familiares.

Única testemunha da reação do Presidente, o Senador disse que viu o Temer muito transtornado.

Temer, ainda muito emocionado, lembrou que o Ministro-Chefe da Operação Lava Jato era um magistrado muito respeitado, que conduzia as investigações com muita preocupação em respeitar a honra de todos os investigados.

A marca deixada pelo Ministro Teori, segundo o Presidente Temer, foi a prudência e o comedimento. Sua morte, num momento de efervescência, deixa a todos em suspenso. Na verdade, o Ministro Teori era o Comandante da principal operação de investigação de corrupção no mundo. É uma grande perda.

O Presidente encerrou a audiência com o Senador, cujo tema foi uma anunciada greve de caminhoneiros. Pouco depois, o Palácio do Planalto divulgou esta Nota assinada por Michel Temer:

— Queremos fazer uma declaração do doloroso acontecimento e dizer que recebemos com profundo pesar a notícia do falecimento do ministro Teori Zavascki do Supremo.

Neste momento de luto, manifesto eu e minha equipe aos familiares do ministro e dos demais integrantes do voo meus sentimentos de pesar e associo-me a todos os brasileiros ao lamentar a perda de um homem público cuja trajetória impecável a favor do direito e da justiça sempre o distinguiram.

O Ministro Teori Zavascki era uma home de bem e um orgulho para todos ops brasileiros. Estamos decretando luto oficial por um período de três dias. Uma modesta homenagem a quem tanto serviu a classe jurídica, aos tribunais e ao povo brasileiro — afirmou o Presidente.

Teori a bordo

"Ele estava a bordo e estamos torcendo por um milagre". Assim Francisco Zavascki confirmou que um dos tres passageiros do PR-SOM, um bimotor que caiu esta tarde no litoral de Paraty, Rio de Janeiro, é o seu pai, o Ministro Teori Zavascki, Relator de todos os processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.

O Ministro desenvolvia uma atividade, dir-se-ia, quase febril, no sentido figurado, é claro, querendo por em dia os processos da sua relatoria e para isso não tirou férias nem as concedeu aos que trabalham com ele nesse caso.

Teori estava disposto a levantar o sigilo de todas as delações à proporção que ele as aprovasse. Entendendo assim pretendia acabar com as interpretações, muitas delas precipitadas, produzidas quase sempre de maneira seletiva e baseadas em anônimos vazamentos.

O avião que decolou do Campo de Marte, em São Paulo, pouco depois das 13,hs, pertence à empresa proprietária do Hotel Emiliano. Equipes do Corpo de Bombeiros e da Marinha do Brasil já estão no local.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Trump tem genro

Aliado ao sogro Donald Trump não só em negócios privados como nas vendas das unidades de um edifício de 50 andares em Jersey City em frente ao Rio Hudson, mas também seu parceiro político quando provou sua influência ao vetar o Governador Chris Christie, de Nova Jersey, para Vice Presidente na chapa republicana, Jared Kushner, 35 anos, será nomeado Conselheiro Sênior na Casa Branca.

A mulher de Kushner, Ivanka Trump, 35 anos, também atuará junto ao Presidente num cargo ainda não definido.

A direção das empresas de Donald Trump - cassinos, hotéis, imobiliárias, construtoras, campos de golfe, dentre outras - ficará a cargo de dois dos seus filhos, Júnior, de 39 anos, e Eric, de 33 anos.

A fila anda

A Caixa Econômica Federal, listada hoje entre os quatro maiores bancos do Brasil, está colaborando sem restrições com o trabalho da Policia Federal nas investigações sobre tráfico de influências em todas as suas diretorias e vice-presidências.

A pauta da Operação Lava Jato contempla, em especial, as ligações entre o então Deputado Eduardo Cunha e Gedel Vieira Lima no tempo em que foi Vice-Presidente da CEF.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Quase nada fica

As nuvens que estão ali agasalhadas numa quase baixa altura um pouco acima do sol nascente devem ser as vencedoras de alguma olimpíada que a noite distraída encomendou.

Vencedoras da corrida e por isso, só por uma madrugada, amancebadas com o sol, as nuvens agora se banham em raios dourados que refletem sobre as águas do lago realçando o branco das garças, o verde das arvores e o cinza dos prédios ao longe em derredor.

Isso tudo e mais o enorme azul que se esparrama pelo céu denunciando os arquipélagos das nuvens fracas, sem brilho.

Penso no Eclesiastes 4/1 –“ Depois, voltei-me e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis que vi as lagrimas dos que foram oprimidos e dos que não tem consolador, e a força estava do lado dos seus opressores; mas eles os oprimidos, não tinham consolador.”

É terrível viver sob a opressão e não ter em quem confiar. Não que faltem profetas. Há profusão deles. Não que a indiferença campeie sufocando os clamores nas cidades e nos campos, inclusive os rumores das selvas seculares.
São incontáveis os que se digladiam querendo a confiança dos oprimidos. A diferença, contudo, é enorme entre obter a confiança e se manter confiável para vencer as refregas em favor dos oprimidos. A história dos que padecem de fome de direitos e de sede de justiça tem páginas e mais páginas manchadas pelas tintas da decepção popular.

Os que não se desgarram da verdade tem dificuldades enormes para obterem a confiança dos oprimidos, o que é compreensível porque as pessoas que sofrem a opressão têm pressa, querem estar livres dos que lhes aperreiam o quanto antes.

Quem é comprometido com a verdade não transige com a mentira. Sabe que concretamente nada é possível de uma hora para a outra. As coisas devem ser feitas com eficácia duradoura. Nada de arremedos.

O líder de verdade não cede à ilusão das promessas miríficas, aliás, não cede a ilusão nenhuma. Pode despertar esperanças? Sim. Afinal, agarrar-se a uma esperança não é agarrar-se a uma ilusão.

A mentira que move os falsos profetas, e eles são tantos e até incontáveis, é pródiga nas miríades, convincente nas promessas inalcançáveis que eles inventam e despertam. Compreensível que os oprimidos mais se inclinem em confiança aos falsos profetas.

A multidão condenada à opressão das desigualdades sociais, à tirania dos seus direitos, à sonegação da sua dignidade, à cegueira da desinformação pela falta total de instrução escolar, é presa fácil da demagogia, a qual nem existiria se o seu oxigênio não fosse a mentira.

Demagogo é o especialista em dizer às pessoas aquilo que elas estão exatamente querendo ouvir. Não lhe interessa se o que diz é viável, se tem alguma aparência de verdade ou se é descarada mentira. Interessa, sim, atrair a confiança da multidão ou de uma só pessoa para depois então vitima-la, lhe frustrando a esperança não sem antes usufruir tudo nos dividendos que a eventual liderança possa arrecadar.

Penso no Eclesiastes – “depois me voltei e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol”. Os oprimidos nem sempre tem ao seu lado quem verdadeiramente os represente e os console."

As nuvens que amanheceram hoje agasalhadas sob o sol já se banharam com os raios dourados e já flutuam no azul, vestidas de algodão. Amanhã serão outras.
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Eurídice e eu queremos para você e toda sua família um ano novo com Saúde, Trabalho, Justiça e Paz! Extensivamente a todo o Povo Brasileiro, em especial aos queridos, esquecidos e sofridos conterrâneos maranhenses.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Devagar com o andor

A depender desses políticos que estão pela aí muitos dos quais rosnando nas três esferas federativas por onde ainda circula algum repasse obrigatório do amealhado sem pena nem dó do contribuinte quero dizer das pessoas honestas que ainda conseguem trabalhar o que está muito difícil haja vista que o desemprego flagela hoje em verdade mais de vinte milhões quase o dobro do que apontam os números oficiais o País que de há muito avança para a quebradeira desembestada em suas contas publicas deve de logo procurar saber como estão sobrevivendo só para ter um exemplo os gregos os quais ate onde se sabe não descartaram os valores democráticos buscando soluções via soberania popular siamesa da legitimidade da representação politica.

Ate parece que não queremos nos dar conta do que está acontecendo muito embora esteja tudo aí tão visível quanto as vísceras das vacas atoladas no brejo e esperem logo outras mais e tantas irão atolar de vez em meio ao desenrolar dos vazamentos da enorme lista das chamadas delações do fim do mundo que vai rolar por muito tempo como se para atiçar mais e mais a decepção coletiva verdadeiramente nacional com os que nunca estiveram nem estão nem aí em ações de respeito à sociedade e à afirmação das nossas instituições republicanas e democráticas.

O apartheid se retoca e se amplia a olhos nus.

A nomenclatura encafuada não se dá conta nem dos ponteiros que avançam encurtando as horas como facas peixeiras bem amoladas que espreitando a regressiva resistirão aos controles sejam quais forem ora isso já aconteceu muitas vezes desde que o planeta se chama terra e a história quando não há mecenas se faz parceira unha e carne da verdade e então gente vamos aqui refletir quanto ao peso da verdade e só haverá uma conclusão a de que ela sim pesa mais que qualquer gloria.

Nada começa transbordando de uma vez nem um rio um poço muito menos uma crise tudo resulta de algum inicio ínfimo uma bactéria um bacilo um átomo e assim uma crise econômica como essa em que estamos resistindo e gerando essa crise politica que nos causa engulhos não se resolvem trocando uma coisa pela outra. Na inoperância está tudo igual. Na ilegitimidade também.

As causas são estruturais que vem se sedimentando há décadas de muito antes da atual Constituição que só de emendas ou remendos já tem uma centena e outras e outros mais ainda estão nas fornalhas do Congresso destinadas a quebrar mais uns galhos.

Por que não nos tomamos de coragem e não convocamos uma Assembleia com poderes revisionais derivados e destinados apenas às reformas politicas e aos ajustes econômicos? Uma Assembleia cujos membros eleitos sejam inelegíveis para qualquer mandato subsequente? Voto distrital parlamentarismo financiamento de campanha funcionamento dos partidos tudo em moldes simples que a população entenda de modo a poder participar ativamente?

Eleições diretas agora com essas mesmas regras eleitorais ou resultantes da emergência casuística vai nos levar a que resultados? Não patrícios e conterrâneos não é assim. Mantenha-se esse sistema eleitoral do jeito que está e não se mude nada nada quanto a financiamentos de campanha e clamem por Ghandi, Lênin ou Churchill e me digam que caso  aceitos não serão também injuriados, delatados ou deletados?

Não dá mais para nos conformamos com a célebre justificativa de Tancredi o galã militante da revolução garibaldina unificadora da Itália representado por Alain Delon no filme O Leopardo de Luchino Visconti alguma coisa deve mudar para que tudo continue como está.

Vai longe o tempo em que éramos intrépidos manipulados arrogantes. E não sabíamos. Aprendemos que cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

O câncer mata mais

Antes eram as doenças cardíacas. Agora o câncer toma o primeiro lugar entre as doenças que mais matam no Brasil, ficando as cardíacas em segundo lugar.
Coordenadora da Oncologia do Hospital do Câncer de São Paulo, a médica Maria Del Pilar Estevez chama a atenção para a necessidade de aperfeiçoamento dos diagnósticos e de tratamento e, principalmente cuidando da prevenção.

“Não se pode esquecer – diz ela – que, em relação ao tratamento, tudo vai depender do tipo de câncer, cada qual exigindo uma abordagem distinta” porque “o conhecimento da especificidade do câncer permitirá que o tratamento seja mais eficaz.”

“Quanto mais precoce, melhor o prognóstico e as chances de cura, anota ainda a cientista, aduzindo que “nós só vamos reduzir a mortalidade por câncer se agirmos em todas as frentes, compartilhando responsabilidades entre a população e os agentes de saúde”.