Digo nunca mais
porque a condenação que a espera no plenário do Senado não será apenas à perda
do cargo, mas também à suspensão dos seus direitos políticos por 8 anos.
O Lula que tira essa
onda toda de indignado taxando o impeachment de golpe no que apenas declama o
mantra engendrado pelos que no alto comando do seu partido se fazem passar por
ignorantes, pois até o Lula sabe que aquele corvo do poema de Edgar Allan Poe
já está a postos para o voo rasante sobre o leito da Dilma quando ela insone e
revoltada estiver pensando em para onde ir, no dia seguinte.
John Kennedy quando
chegou ao Senado escreveu que estava sempre atento à maldição do corvo. Quem
chegasse a qualquer cargo na República e não trabalhasse com afinco sempre
respeitando não só as regras legais, mas também e igualmente a dignidade dos outros, estava
fadado à maldição do corvo do poema de Edgar Allan Poe.
É de se imaginar a
Dilma se remexendo insone em sua ultima noite no Palácio da Alvorada e o corvo
sacana, em seu chilreado inimitável, como se fosse um Zé do Caixão, a esconjurar
a Presidenta – há, há, há, nuunca mais, Dilminha, nunca mais!
No que lhe resta de
calendários, noites de luas cheias e de pneus calibrados para suas pedaladas
matinais, se parar um pouco para se olhar por dentro e contemplar o horizonte,
verá que a ponte para a travessia ao desconhecido não está assim tão distante,
não. Da miríade carregará a certeza de que Presidente da República no Brasil,
nunca mais, nunca mais!
Porém, ah porém, até
que essa noite aconteça e o Edgard tire da gaiola do seu poema o malfadado
corvo, alguma coisa horrível e previsível poderá acontecer contra a ordem
constitucional, a paz nacional, enfim, contra o Estado de Direito, se o
afastamento da Dilma não contiver medidas cautelares acessórias.
Já não é segredo e
está escrito nos jornais que a ordem da Dilma e do seu partido é infernizar o
quanto possível a vida do Temer, enquanto seu substituto e depois pelos 2 anos
à frente como seu sucessor constitucional.
O Vice Presidente
estaria mais para Ministro do Turismo do que para Chefe da Nação e do Poder
Executivo se assumindo, primeiro como substituto por 180 dias, depois como o
sucessor legitimo, até o fim do mandato do qual ainda restam 2 anos,
subestimasse tamanha insanidade.
A lógica do
afastamento do titular do cargo em razão do impeachment é a mesma em relação
todo e qualquer pessoa do serviço público ou não que for acusada, investigada e
processada por algum delito.
Uma vez recebida a
denúncia e instaurada a investigação ou depois no curso da ação penal, poderá o
delegado do inquérito ou o Ministério Público pedir a adoção de medidas
cautelares contra servidor acusado exatamente para que, no exercício do cargo
não possa, aproveitando-se do prestigio do cargo, atrapalhar a investigação ou
a instrução processual.
O que o Senado da
Republica fará nos próximos dias será a simples admissibilidade da acusação
sobre a qual a Câmara dos Deputados entendeu haver indícios suficientes de
provas a ensejarem uma investigação e um processo.
E aí? Nos 180 dias em
que será investigada a Dilma ficará no Palácio da Alvorada aguando plantas,
dando comidinhas aos peixes, às emas, garças e passarinhos, malhando na
piscina, vendo filminhos, sorvendo seu uisquinho, tragando seu cigarrinho ? E
tal? Nécas de olhar prá trás, é no gogó, nenêm... (Novos Baianos em “Ferro na
Boneca”, a alegre canção.
Então, é da maior
importância o Senado, via Comissão do Impeachment, ir logo se articulando com o
Supremo, cujo Presidente presidirá ao final o julgamento, para que medidas
cautelares sejam adotadas de forma acessória no decreto legislativo do
afastamento. A lógica, repito, é a mesma das medidas cautelares.