Observando com cuidado as ações do presidente durante a pandemia, deve-se considerar a hipótese
A imprensa nunca disse que Bolsonaro é o vírus, como afirmou o presidente. A imprensa errou. Achou que o vírus era muito sofisticado para Bolsonaro. Imaginou que no máximo ele conseguiria ser uma bacteriazinha qualquer, dada suas reconhecidas limitações.
Mas, observando com cuidado as ações do presidente durante a pandemia, deve-se considerar a hipótese de Bolsonaro ser tão perigoso quanto o coronavírus. Alguns poucos cálculos simples ajudam a comprovar esta tese.
Segundo o Datafolha de 25 de janeiro, 31% dos 210 milhões de brasileiros aprovam Bolsonaro. Tirando os anti-petistas, os conservadores não radicais, os tolos que sempre apoiam qualquer governante, vamos imaginar que sobrem 10%, ou uns 21 milhões que fecham os olhos, seguem e repetem todas as barbaridades ditas ou feitas pelo presidente.
Como 10 milhões de brasileiros foram contaminados durante um ano de pandemia, é correto afirmar que entre os cegos bolsonaristas foram quase um milhão de infectados. Usando a mesma proporcionalidade, dentre os 257 mil mortos em todo o país, 25,7 mil eram negacionistas convictos, daqueles que chamam o capitão de mito.
Estes, deliberadamente não usaram máscaras. Fizeram propaganda da cloroquina, se aglomeraram e morreram porque foram tão ignorantes quanto o seu líder. A estupidez do mito matou pelo menos 25,7 mil bolsonaristas, ou 70 a cada dia. Claro que o número é muito maior, já que os cegos contaminaram e mataram outras pessoas nos ônibus, nas ruas, nas praias, nos restaurantes, nas escolas e nas suas próprias casas.
Portanto, não há o que discutir, Bolsonaro é mesmo um vírus violento e letal.
Ascânio Saleme é Jornalista. Publicado originalmente n'O Globo, em 03.03.2021.
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