sábado, 7 de março de 2020

Antes de encontrar Trump Bolsonaro incita população a se manifestar nas ruas

Em viagem, presidente afirma que 'quem tem medo de movimento de rua não serve para ser político'.

Em escala em Boa Vista (RR), a caminho dos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro convocou a população a participar de manifestações de rua a favor do governo, e afirmou que "quem tem medo de movimento de rua não serve para ser político". Bolsonaro, porém, disse que os atos não são contra o Congresso e nem contra o Judiciário.

Originalmente, o alvo das manifestações era o Congresso e o STF. O presidente convocou em vídeo a manifestação, citando as duas instituições. A reação da sociedade civil levou aliados a trabalharem para mudar o viés das manifestações.

(Bela Megale:  Ao contrário do pai, Flávio Bolsonaro pede a irmão e aliados para não irem à manifestação).

O assunto já havia provocado desgaste desde que Bolsonaro compartilhou, por um aplicativo de celular, uma mensagem de convocação às manifestações. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), manifestou-se depois afirmando que "criar tensão institucional não ajuda o país a evoluir".

No evento em Boa Vista, Bolsonaro discursou em defesa das manifestações e compartilhou o vídeo em suas redes sociais.

- Dia 15 agora, tem um movimento de rua espontâneo e o político que tem medo de movimento de rua não serve para ser político. Então participem, não é um movimento contra o Congresso, contra o Judiciário, é um movimento pró-Brasil. É um movimento que quer mostrar pra todos nós, presidente, Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário, que quem dá o norte para o Brasil é a população - afirmou.

Em outro trecho, o presidente afirma que o movimento não é contra a democracia.

- Quem disse que é um movimento contra a democracia está mentindo e tem medo de encarar o povo brasileiro - disse.

Os atos foram marcados por apoiadores do presidente em defesa do governo, dos militares e contra o Congresso. A mobilização ganhou força depois que o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ter atacado parlamentares, acusando-os de fazer "chantagem" em uma votação no Congresso.

Na ocasião, parlamentares e lideranças políticas de diversos partidos reagiram com críticas. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificou o episódio como "uma crise institucional de consequências gravíssimas".

O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) ressaltou que é "criminoso" incitar a população com "mentiras contra as instituições democráticas" e pediu reação do Congresso.

No evento deste sábado, Heleno também discursou e afirmou que o governo tem sido alvo de retaliações por estar atuando contra a corrupção.

Aguirre Talento, de O GLOBO.
07/03/2020 - 13:48 / Atualizado em 07/03/2020 - 13:51

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