quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Após compartilhar vídeo sobre ato contra Congresso, Bolsonaro diz que mensagens trocadas no celular são de 'cunho pessoal'

Presidente afirmou que conversa 'de forma reservada' com 'poucas dezenas de amigos' pelo WhatsApp

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que as mensagens trocadas com amigos pelo celular são "de cunho pessoal". A afirmação ocorreu um dia após Bolsonaro compartilhar por WhatsApp um vídeo convocando a população para atos contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Em texto publicado em suas redes sociais, o presidente não fez referência direta ao episódio, mas afirmou que troca mensagens "de forma reservada" com "poucas dezenas de amigos" no aplicativo de mensagens. Na mensagem, Bolsonaro também afirma que usa suas redes sociais para manter "uma intensa agenda de notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional".

Bolsonaro ainda acrescentou que "qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República".

Amigo do presidente, o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) confirmou ao GLOBO ter recebido o vídeo de Bolsonaro. Os atos foram marcados por apoiadores do presidente em defesa do governo, dos militares e contra o Congresso. A mobilização ganhou força na semana passada, após o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, ter atacado parlamentares, acusando-os de fazer “chantagem”. Na ocasião, Heleno falava sobre a pressão do Congresso para derrubar os vetos do presidente ao orçamento impositivo e controlar parte dos recursos de 2020. O ministro ainda orientou o presidente a “convocar o povo às ruas”.

Embora não haja referência ao Congresso ou ao STF no vídeo, a peça deixa explícita a chamada para os atos que têm sido convocados também como protesto contra as duas instituições.

São exibidas imagens de protestos em Brasília na época do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Com o Hino Nacional ao fundo, um narrador pergunta logo no início: “Por que esperar pelo futuro se não tomarmos de volta o nosso Brasil?”. Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência informou que não vai se manifestar.

A narração segue com imagens da posse de Bolsonaro, do momento da facada, durante a campanha eleitoral, em Juiz de Fora (MG), e de suas passagens pelo hospital. “Basta”, diz o narrador em outro trecho. “O Brasil só pode contar com você. O que você pode fazer pelo Brasil? O poder emana do povo. Vamos resgatar o nosso poder. Vamos resgatar o Brasil.”

Daniel Gullino, de O GLOBO

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