segunda-feira, 6 de maio de 2019

Alerta para o risco de tornarem os militares sacos de pancada

Vera Magalhães, uma das mais lúcidas analistas da cena política do Brasil, chama a atenção para o perigo que ronda a governabilidade se não houver logo um basta nas interferências, na minha opinião, por demais indevidas, de um senhor que, do interior da Virginia, nos Estados Unidos, dispara petardos via redes sociais causando um desassossego danado na equipe do Presidente da República.

Olha aqui o exemplo de sensatez, raro ultimamente entre muitos coleguinhas, quase sempre quando a pauta é o atual governo, neste breve comentário da jornalista do Estadão:

"Jair Bolsonaro parece não perceber o risco de transformar os militares em sacos de pancada seus e de seus aliados mais ideológicos. Foi graças à reabilitação que sofreu na cúpula das Forças Armadas que Bolsonaro passou de capitão reformado, espécie de pária do Exército, a alguém que passou a ser visto como a melhor possibilidade para vencer o PT eleitoralmente. Ele deve isso em grande parte aos esforços de generais como Augusto Heleno, Santos Cruz, Eduardo Villas Bôas e até o vice, Hamilton Mourão.

Dar voz e corda aos que humilham publicamente esses generais não resultará em boa coisa para o governo. Justamente porque os militares prezam três qualidades que Bolsonaro adora ressaltar (hoje mesmo o fez): disciplina, respeito e hierarquia. É molecagem instigar, desde dentro do Planalto e de outros órgãos do governo –como a Apex, hoje um aparelho olavista que funciona sob os auspícios do chanceler Ernesto Araújo– os petardos contra os generais. No limite, o rompimento com a ala à qual o próprio Bolsonaro conferiu protagonismo pode inviabilizar o governo. E quando e se isso acontecer, Olavo estará no mesmo lugar: xingando muito no Twitter, a partir da Virgínia, e fingindo que nada tem a ver com o circo pegando fogo." / Vera Magalhães, de O Estado de São Paulo.

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