Quando D. Pedro I
abdicou do trono de Imperador do Brasil e saiu rápido em ventos favoráveis para
Portugal onde passou a reinar como Dom Pedro IV porque a Constituição do Brasil
não lhe permitia governar dois países ao mesmo tempo, o seu único filho varão,
Dom Pedro II, tinha apenas cinco anos.
A saída foi entregar a
chefia do Governo, sem quebra do Império, a uma Regência Trina Provisória que
logo se transmudou em Regência Trina Permanente sob a liderança do Padre Feijó.
Depois foi até Regência Uma. E tal.
Na sequencia, o Golpe
da Maioridade pelo qual o herdeiro do Trono deixou de ser menor idade. A Junta
dos Regentes levou o garoto ao Paço da Cidade onde foi recebido pelo Povo como
o novo Imperador. Para que fosse visto por todos subiu num tamborete do qual
agradeceu aos aplausos acenando aos súditos com um lenço branco.
Dom Pedro I, que
depois do Grito do Ipiranga – independência ou morte, em São Paulo – andou se
desentendendo com José Bonifácio de Andrada e Silva, um homem muito culto e
líder maçônico que nem ele, pouco antes de partir resolveu nomeá-lo tutor do
garoto.
Bonifácio, a grande
força por detrás do trono, governava de fato e o garoto não só olhando, mas
estudando, foi aprendendo. Deu certo. Muito certo. Dom Pedro II foi
inquestionavelmente o maior estadista do Brasil.
Agora, tirando a Fafá
de Belém e o Ivan Lins que de tempos em tempos ficam a morar em Lisboa, ninguém
mais voa a Portugal nomeando antes um Andrada ou um Silva tutor de seu filho.
Ou filha.
As tutelas politicas
em nossa contemporaneidade agora são outras. Se espraiam invisíveis, mas garbosamente,
pelos Municípios, pelos Estados e agora também até pelo Palácio do Planalto. E
não é para compensar menoridades, não.
Nos casos dos
Municípios e também de muitos Estados as tutelas se realizam muito
discretamente, mas sem nada que impeça eventuais vazamentos.
É por aí que se sabe
que os agiotas tem nas mãos documentos com os quais deixarão os eleitos em
petição de miséria se não resgatarem, com juros incríveis, as dividas
contraídas enquanto candidatos para o financiamento de suas campanhas.
Nos Governos
estaduais, em muitos casos, não é só a entrega de pastas com recursos certos
tipo DETRAN ou empresas estatais com obras de infraestrutura.
No caso do Governo
Federal e de segmentos fortíssimos do Congresso Nacional não há mais quem duvide que os desvios bilionários aconteceram em
empresas estatais, sob a forma de contratos superfaturados para grandes
empreiteiras, especialmente a PETROBRAS, tudo sob o pretexto de doações para as
campanhas eleitorais de candidatos governistas.
É de dar nojo e
vergonha o que estamos sabendo sobre os gestores públicos do nosso Brasil ao
longo destes dois últimos anos de Operação Lava Jato.
Quanto a Romeu e
quanto a Julieta, todos nós sabemos como a história deles acabou.
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