O elefante é grandão
e pesado. Enfurecido, solta uivos de arrebentar léguas de silêncios na mata e
assim convoca os seus demais a uma reunião de emergência. Não tarda e se somam
em manadas.
O leão amarela para o
elefante. É o único morador da selva que ele, o leão, não empareda. No entanto,
o Rei dos Animais é o leão. É ele quem manda na floresta. E seguirá mandando
enquanto não lhe arrancarem os dentes, lhe tosquiarem a juba, lhe deceparem o rabo.
Mas de onde brotaria
o interesse? No reino animal, como diria a Dilma, não ha golpe. Ela talvez não
saiba que aquela revolução dos bichos imaginada por George Orwell não foi
apenas uma insurreição contra os donos da granja, mas um tremendo libelo contra
o totalitarismo a cargo de figuras horrendas como Stálin, Hitler e Mussolini.
Déspotas não têm
mandatos. Mandato, que no direito eleitoral da Roma Antiga significava mãos
dadas, pressupõe obrigatoriamente mandante e mandado e, como numa Procuração,
outorgante e outorgado.
Nas democracias de
verdade, o Povo/eleitor e o Eleito/mandatário constroem uma relação de
confiança. Vale o mesmo, por exemplo, entre cliente/mandante e
advogado/mandado. Os poderes que o Povo/eleitor confere ao eleito/mandatário
estão descritos na Constituição a que o governante é obrigado a jurar cumpri-la
e faze-la cumprir. No caso da Procuração, indispensável para postulação em
juízo, os poderes não podem exceder à vontade do outorgante.
Em ditaduras como a
da Coreia do Norte e a da Síria essas formalidades não fazem sentido algum. Vez
em quando o jovem gorducho coreano manda fuzilar um do seu estafe sem acusação
formal e sem julgamento. Na relação entre o governante, que não foi eleito, e o
Povo só há espaço para a desconfiança e o medo. O gordinho que se diz comunista
herdou do pai o poder que esbanja.
Há cinco anos que a
Síria está em guerra. Tudo começou com parcelas da população querendo a saída
de Bashar al-Assad, o Presidente que herdou o poder do pai. Déspotas não têm
mandato nem precisam de eleições. Seu poder é o das armas e o da lealdade dos
que formam sua camarilha.
A Dilma recebeu um
mandato à sombra do prestigio popular do seu antecessor Lula da Silva, a quem
servira primeiro nas Minas e Energias e por ultimo na Casa Civil. Ninguém sabe
o que o Lula enxergou na Dilma o que ninguém de bom senso conseguiria enxergar.
A Dilma para o Lula seria a pessoa talhada para o seu plano de volta à
Presidência. Medíocre, desengonçada,
incapaz de improvisar um paragrafo sem erros de concordância, autoritária,
desbocada, enfim, uma pessoa que, na
avaliação do Lula, ninguém suportaria ver nem pela TV. Portanto, ao final dos
quatro anos, ADEG informa – sai Dilma, entra Lula. Deu tudo errado. E continua
dando.
Quando a Dilma finca
pé e diz que não renuncia ignora que a Presidência da República não lhe
pertence. A sua autoridade há que estar sempre vinculada na mesma proporção da
sua legitimidade. Quando a legitimidade se esvai, e isso já vem rolando há
tempos, a autoridade se esvai como éter.
Ela sabe que 92% dos
brasileiros sabem que o País, sob o seu Governo, está num rumo errado. Sabe que
79% consideram a sua gestão ruim/péssima. E que 60% querem o seu impeachment
já.
Então não adianta
adotar como mantra marchinha de carnaval – daqui não saio, daqui ninguém de me
tira...
Vai achando que é
assim, vai.
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