sábado, 15 de março de 2014

Mulheres

Aquele Salomão que no discurso do Cristo rivaliza com os lírios do campo – “nem Salomão em toda sua glória se vestiu como um deles” – fez sucesso com as mulheres não por sua riqueza, mas por sua inteligência.
Nem mesmo na idade provecta o homem que, dizem, foi o melhor governante de Israel perdeu o encanto com que atraia o respeito e a admiração das mulheres.
Segundo a Bíblia, Salomão contabilizou só no estrangeiro, além da filha do Faraó, setecentas esposas dentre as moabitas, amonitas, sidônias e hetéias, afora suas trezentas concubinas.
A Rainha de Sabá, que já inspirou até épico de Cecil B. de Mille, foi outra que, como nosso amigo Chico Maranhão, atravessou o mar a remo e a vela, pulou cancelas e quintais, só pra saber se Salomão era mesmo o homem sobre quem tudo de bom se dizia.
Depois veio o Cristo e inovou – “aquele que olhar para uma mulher pensando em cobiça-la, já comete adultério em seu coração”. Também em atitudes desafiantes ele interferiu em defesa das mulheres. Atire a primeira pedra quem nunca pecou. E assim impediu que Madalena fosse apedrejada.
A bolota em que está a terra gira, gira, muita coisa muda e outras tidas como ultrapassadas se renovam a com os avanços da ciência.
Hoje se sabe, por exemplo, que um sentimento chamado amor se expressa conforme a nossa poção de serotonina e que paixão é um incêndio rápido, mas devastador, atiçado por hormônios e neurotransmissores ejetados pelo cérebro.
Não vai demorar e estará nas farmácias, livre de receita médica, um spray com a mistura química capaz de amarrar mesmo um casal e, dizem os cientistas, que nem Salomão com todo seu charme atrairia hoje para seus domínios aqueles milhares de mulheres.
As mulheres, que durante séculos e mais séculos formaram minorias nas populações do mundo, sempre tiveram a oprimi-las as maiorias formadas pelos machos, seus dominadores.
Eles faziam e ainda fazem as leis para as mulheres respeitarem. Ditavam praticas opressivas, muitas até desumanas, como ainda hoje as de que temos noticias em seitas religiosas e até em campos de refugiados no oriente médio.
Quando foi possível a uma mulher exercer uma função de Estado a história registra resultado positivo. No tempo em que Israel foi governador por Juízes, Ruth foi a primeira Juíza.
Judite foi outra a quem seu Povo, no seu tempo, tudo deve. Foi a sua coragem e determinação que salvaram Israel quando tudo parecia perdido para o invasores assírios.
Ester, a rainha dos judeus desmontou o plano de Hamã para acabar com os seus compatriotas.
E quanto ao bem depois, por que não lembrar Joana Darc, a guerreira? De Elizabeth I, que consolidou o que hoje é o Reino Unido? De Anita Garibaldi, heroína dos pampas brasileiros? Madame Curi, a cientista pioneira nas descobertas para a cura do câncer? A lista é incontável.
Dizer que as mulheres se inclinam mais por homens idiotas ou grosseiros pode até ser pauta para os estudos de Freud, mas é focar apenas em casos raros que chamam a atenção talvez porque mais próximos da nossa percepção.
Fico por aqui lembrando as Marias, as Raimundas, as Helenas, as Genovevas e as Genús, as Anas e as Paulas, e os nomes são tantos, mas podem também ser chamadas de mães, donas de casas, esposas, tias, vovós, namoradas, professoras, irmãs, enfim mulheres trabalhadoras – gênero que hoje soma a maioria entre o Povo maranhense. E também entre o eleitorado brasileiro.

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