sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Malucos

Sempre ouvi dizer que de médico, de poeta e de louco todos nós temos um pouco.  Ultimamente, atento a isso, ando querendo saber onde estão os médicos e os poetas e onde andam os loucos.

Depois que o Brasil descobriu o Fernando Pessoa e o Drummond ficou mais simples entender a poesia e compreender os poetas. O mundo, a cada dia, mais carece da poesia. Como dizia o velho Braga, a poesia é necessária.

Há também esse traz-ou-não traz médico de fora. Até faz lembrar o tempo quando havia estação de trem e as moças saiam pra lá querendo namorar rapaz de fora.

Essa coisa de ser de fora tem lá o seu fascínio.

Quando a fraude eleitoral no Maranhão chegou a um ponto que um doutor Milet sozinho não dava conta das impugnações, o jeito foi mandar buscar advogado em São Paulo. O doutor Ademar era quem mandava.

Depois, na ultima ditadura militar, quando a fraude eleitoral pareceu até mais blindada, o doutor Ulisses despachava para São Luís o doutor Marcos Heusi, que adentrava o TRE na maior moral, inspirando esperanças.

Corria uma fraude monumental nas apurações de Barra do Corda quando, a pedido do Renato Archer, nosso então candidato a Governador pelo MDB velho de guerra, doutor Ulisses me despachou pra lá. Eu advogava para o partido no TSE.

Rapaz de fora, advogado de fora, medico de fora, sei não, parece que levantam mesmo o astral das mal amadas e dos oprimidos e dos injustiçados no lugar aonde chegam.

E os loucos, é preciso que sejam de fora? Para o Código Civil Brasileiro eles são tantos que sendo impossível alcançar a todos, a cada um na sua personagem, criou-se uma moldura especifica para enquadrá-los. Segundo o Código, eles os são de todo o gênero.

Quando os automóveis começaram a invadir as cidades o doutor Nicolau Tuma, um Deputado da UDN de S. Paulo, relator do primeiro Código Nacional de Trânsito, teve o bom senso de criar a exigência do exame psicotécnico para quem fosse tirar carteira de motorista. 

Ainda assim a cada dia mais proliferam os loucos no trânsito.

Com o surgimento de mais psicólogos no mercado o teste psicotécnico se estendeu também aos concursos para alguns empregos públicos sendo imprescindível para fazer as demais provas.

Muitos candidatos a Juiz, reprovados no psicotécnico, foram impedidos, ainda bem, de ingressarem na magistratura. Mas outros, e não foram poucos, conseguiram mediante liminares em Mandados de Segurança seguir adiante.

O tempo se encarregou de provar que na Justiça Federal, por exemplo, todos os que haviam sido reprovados na prova do psicotécnico e que, ainda assim, passaram nas demais provas e, por isso, tomaram posse, todos, mas todos eles, depois se revelaram juízes-problema.

Nem para Desembargadores dos Tribunais estaduais e federais, para Ministro do STJ, do TST, do STM, do TSE, tampouco para Ministro do Supremo Tribunal Federal há a exigência legal para que bem antes da sabatina no Senado se submetam às provas do psicotécnico.  

Pode ser maluco, destrambelhado, grosseiro, complicado, desbocado, ignorante, imprudente, debochado, mal educado, que pode ser Desembargador ou Ministro. Pode ser Ministro até mesmo do Supremo Tribunal Federal que não tem problema. Não tem problema.

O problema maior é da nossa paciência. Eles também são vitalícios e nós temos que lhes pagar o salário e ainda por cima aguenta-los.

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