Jânio
de Freitas, em sua coluna na Folha hoje, questiona a forma rude, algumas vezes em nada gentil, com a qual o atual Presidente do STF reage quando se sente de algum modo
contrariado.
Quem
o conhece há mais tempo, digamos, das tardes de sábado quando havia futebol na casa
do Agaciel Maia, então Diretor Geral do Senado, em Brasília, lembra que ele já
tratava assim os parceiros em campo.
Depois,
fora de campo, sorria muito tanto quanto ironizava.
Eis
o que diz Jânio de Freitas sobre a postura do atual Presidente do Supremo
Tribunal Federal:
“O risco é grande e, pior ainda,
crescente. O que pode suceder quando um alvejado por agressões orais do
presidente do Supremo Tribunal Federal usar o direito de reagir à altura, como
é provável que acabe acontecendo? Em qualquer caso, estará criado um embaraço
extremo. Não se está distante nem da possibilidade de uma crise com
ingredientes institucionais, caso o ministro Joaquim Barbosa progrida nas
investidas desmoralizantes que atingem o Congresso e os magistrados.
O fundo de moralismo ao gosto da
classe média assegura às exorbitâncias conceituais e verbais do ministro a
tolerância, nos meios de comunicação, do tipo "ele diz a coisa certa do
modo errado" --o que é um modo moralmente errado de tratar a coisa errada.
Não é novidade como método, nem como lugar onde é aplicado.
Nem por isso o sentido dos atos é
mudado. "Só se dirija a mim se eu pedir!" é uma frase possível nas
delegacias de polícia. Dita a um representante eleito da magistratura, no
Supremo Tribunal Federal, por seu presidente, é, no mínimo, uma manifestação
despótica, sugestiva de sentimento ou pretensão idem. Se, tal como suas
similares anteriores, levou apenas a mais uma nota insossa dos alvejados, não
faz esperar que seja assim em reedições futuras desses incidentes.
Afinal, quem quer viver em democracia
tem o dever de repelir toda manifestação de autoritarismo, arbitrariedade e
prepotência. É o único dever que o Estado de Direito cobra e dele não abre mão.”
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