Existem
profissões em que a voz é a principal ferramenta de trabalho. O Lula, que é um
comunicador por excelência, tem sofrido muito depois que um câncer, já
extirpado, sentou praça na sua laringe.
Mesmo
depois de liberado pelos médicos, o nosso ex-Presidente da República tem feito
um esforço danado para falar. Agora é um edema na garganta e, por isso, sua voz
mais rouca e num tom mais baixo.
Na semana
passada, o Gilberto Gil – que teve há anos um calo nas cordas vocais, tendo
que operá-las e, por consequência, que refazer a voz obrigando-se a cantar em
tons mais limitados – mal começou um show no Teatro Nacional em Brasília e logo
ficou sem voz.
Aquele
era um show de uma turnê comemorativa dos 70 anos de idade do grande Gil, cujas
canções fizeram mais pela volta da democracia ao Brasil do que muitos discursos
em palanques pela aí...
O Lobão, não
o nosso estimado roqueiro, mas o homem
do PMDB nas Minas e nas Energias do Governo, tem um problema parecido, mas não só
o disfarça bem, falando cada vez menos, até porque em boca calada não entra
mosca, como a cada semestre vai a um especialista, o que fazia antes nos Estados
Unidos, onde notou que o otorrino que o atendia na segunda ou terceira consulta havia trocado de sexo.
O Chico
Buarque também teve um problema de voz, mas numa outra esfera. Obrigado a
gravar um disco todo ano por força de um contrato com uma gravadora, a qual
acabou vendida e ele igualmente no pacote, rompeu com tudo e ainda teve
inspiração para ironizar a contenda numa canção, cujos versos são estes aí:
Até quem sabe a voz do
dono
Gostava do dono da voz
Casal igual a nós, de
entrega e de abandono
De guerra e paz, contras
e prós
Fizeram bodas de acetato
- de fato
Assim como os nossos
avós
O dono prensa a voz,
A voz resulta um prato
Que gira para todos nós
O dono andava com outras
doses
A voz era de um dono só
Deus deu ao dono os
dentes
Deus deu ao dono as
nozes
Às vozes Deus só deu seu
dó
Porém, a voz ficou
cansada após
Cem anos fazendo a santa
Sonhou se desatar de
tantos nós
Nas cordas de outra
garganta
A louca escorregava nos
lençóis
Chegou a sonhar amantes
E, rouca, regalar os
seus bemóis
Em troca de alguns
brilhantes
Enfim a voz firmou
contrato
E foi morar com novo
algoz
Queria se prensar,
Queria ser um prato
Girar e se esquecer,
veloz
Foi revelada na
assembléia - atéia
Aquela situação atroz
A voz foi infiel,
trocando de traquéia
E o dono foi perdendo a
voz
E o dono foi perdendo a
linha - que tinha
E foi perdendo a luz e
além
E disse: "Minha
voz, se vós não sereis minha
Vós não sereis de mais
ninguém"
(O que é bom para o dono
é bom para a voz
O que é bom para o dono
é bom para vós
O que é bom para o dono
é bom para nós).
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