domingo, 7 de novembro de 2010

Entre Ratos e Homens

Não sei o nome pelo qual atende entre os seus, os da sua praia ou tribo, mas o que sei é que, embora não saiba o seu nome, já estamos na terceira rodada e agora estou sem saber se eu o venci ou se ele me venceu.

Os médicos deram para receitar banana porque descobriram, enfim, que os macacos nunca se deprimem. Estão sempre alegres, bem dispostos e salientes. A razão de tanta exuberância é o potássio que na banana está em maior quantidade.

Manhã bem cedo quando vou à bacia de frutas pegar minha banana noto que uma delas está comida até a metade. Separo-a das outras e me detenho examinando. Por duas ou três manhãs, a mesma coisa.

Se não foi dente de gente nem de macaco, dente de que bicho seria? A Iraci, que sabe tudo desses meandros, lança a suspeita – isso é coisa de rato.

Ora, se rato gosta tanto assim de banana então ele se aparenta dos macacos, por conseguinte também dos homens, todos necessitados de doses e mais doses de potássio.

Daí, fico a imaginar querendo encontrar razões para o fato de ter homem tão parecido com rato e também com macaco e de ter homem com atitude de rato ou com atitude de macaco.

Se tu reparas bem, o macaco não é larápio. Ele te surrupia a banana em gestos engraçados, não espera tu dares as costas para o objeto do desejo dele, não age nas caladas da noite. O macaco é transparente.

O rato, não. O rato que nem algumas categorias de homens sem categoria não age às claras, prefere sempre as caladas da noite para suas práticas deletérias.

Então, a banana que amanhece mordiscada até quase pela metade na bacia de frutas na cozinha é coisa de rato. Mas que calhorda!

Se eu continuar leniente ele vai espalhar out-dor pelas esquinas da ilha, num rasgo de bom mocismo, me agradecendo as quase vinte bananas que ele comeu pelas beiradas nas madrugadas lá em casa, enquanto todos dormiam.

Estou sabendo sobre uma senhora Karen Robbins que mantém uma ONG nos Estados Unidos voltada para a proteção dos ratos, os quais são tratados com estima e carinho.

Aqui também nesta quase França Equinocial, incluindo esta Ilha do Amor, tem pessoas com seus ratinhos de estimação, tratados como leais companheiros, gordinhos, rechonchudos, alguns até lembrando gorgulho, aquele bicho que ataca sacas de feijão.

Os ratos, aliás, ajudaram os romanos num sentido inverso a conquistarem muitos territórios.

Muitos lugares tinham ratos demais, os povos em meio a tantas doenças não sabiam o que fazer. Àquelas alturas, os romanos já haviam descoberto o gato como invencível devorador de ratos.

E levavam centenas de milhares de gatos famintos em suas expedições. Muitas vezes nem precisavam fazer guerra. Era soltar os gatos atrás dos ratos e os povos, aliviados, se entregavam logo aos romanos.

Voltando ao rato devorador de bananas aqui de casa, já estou na terceira rodada e não sei quem venceu a parada.

Na primeira, misturei bifinho da Miúcha com chumbinho. O danado comeu tudo. Na noite seguinte peguei apara de pizza e fiz sanduíche de chumbinho. Não amanheceu nada. Sinal de que comeu tudo. Na terceira eu deixei só caroços de chumbinho espalhados no roteiro dele. Amanheceu tudo do mesmo jeito. Mas a banana sempre mordiscada.

No reino animal deve ter um ministério publico para ratos. Não é possível. Deve ter.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom dia Ministro!
Afinal, de que ratos falaste?
Os ratos são úteis sim! Há alguns inúteis, é verdade. Mas esses, nem os gatos querem comê-los. E esses, não comem bananas! Aliás, comem sim. Comem bananas de verbas.
Os laboratórios gostam dos ratos, aqueles branquinhos. São úteis para testes. Cabe aqui uma pergunta: se um gato tem sete vidas, quantas tem um rato? É o gato que pega o rato ou o rato que se deixa pegar? Não seria aquela teoria sexual entre escorpiões?
Mas, Ministro, convenhamos que ratos da casa de Ministro são uns e, da casa de quem mora na Macaúba, no Bairro de Fátima ou próximo da feira da Cohab, são outros. Magérrimos, coitados! Roem e corroem ossos e até esperam pelas sobras que os cachorros pirentos deixam. Rato da casa de Ministro, é um. É especial, come banana. Vai ver é banana maçã!
Em outros lugares, entretanto - fora dos laboratórios, é bom que se diga - ratos usam até gravatas. Esses, acredite, nem conhecem bananas, pois lidam, quase sempre, com euros e georges washingtons.
Esse tipo de rato, Ministro, não tem chumbinho que o pegue. Não adianta fazer sanduíches ou misturar com sobras de pizza. Agora, misture o chumbinho com um george ou com um euro que, com certeza, esse rato se arrisca.
Agora, já pensou Ministro, um rato bisbilhotando de noite a cozinha do Dutra, em Saco das Almas? O que é que um rato desses vai encontrar lá? Com certeza, caroço de farinha que nem "biriba" é! Talvez encontre aqueles nacos de casca de mandioca que o matuto põe à secar para alimentar as galinhas caipiras que não comem mais "m" - que os sifões resolveram tomar conta - e sequer conhecem uma minhoca.
Será que não deu para entender com que facilidade o Dutra venceu aquela greve de fome? E quanta fome ele já passou sem estar fazendo greve? Como diz o povo, Dutra não tem "estambo" e jamais vai gastar dinheiro com cirurgia para reduzir a pança. Agora, imagine, sem rir, um rato se criando na casa onde o Dutra nasceu e cresceu!? Esse tipo de rato nunca vai conhegar ao status de "rato de laboratório".
Ministro, esse tipo de rato só se mata com foice ou martelo! Um abraço grande extensivo à Dona Eurídice.