domingo, 21 de novembro de 2010

Entre Pares

Fica um doutor do MP querendo o diploma de Mobral do Tiririca para ver se assim, ele não conseguindo provar que sabe ler e escrever em português fluente, não seja diplomado e não tendo diploma de eleito não seja empossado no cargo de Deputado Federal.

O Tiririca, gente, foi o palhaço mais votado do Brasil nas eleições proporcionais para a Câmara dos Deputados. Outros colegas dele, uns de circo, outros nem de picadeiros, concorreram aos vários cargos disponíveis nas ultimas eleições.

Ocorre que, tendo sido o mais votado do Brasil e logo por São Paulo, e nem sulista ele é, mas apenas nordestino do Ceará, sem nunca ter se mostrado por estas paragens com talentos políticos, ganhando a vida apenas como palhaço, o Tiririca passou a ser perseguido.

O doutor do MP que não larga do pé do Deputado eleito, exigindo-lhe provas e mais provas de alfabetização, não incide apenas em abuso de poder.

Na verdade, o doutor do MP busca traduzir, talvez inconscientemente, o preconceito mascarado de sentimento de vergonha das elites das elites, aquelas, que detendo 02 por cento de toda renda nacional, não estão nem aí para questões nacionais tão sérias como essa da educação sem qualidade em nosso País. 


O analfabetismo, aquele chamado de pai e mãe, ou de puro sangue, abate só no Maranhão um terço da população.

Mais de 01 milhão de votos para um homem simples, um palhaço de província como Tiririca, que vivia pelos picadeiros do Ceará e resto do Nordeste, trazido para a tela da TV Record pela boa ação de uma alma do bem como a do Tom Cavalcanti, mais de 01 milhão de votos para um palhaço como o Tiririca repercute como uma grave denúncia a merecer reflexão de todos que tem compromissos com o logo mais deste País.

Quando ainda nos estertores do regime militar, nas primeiras eleições após a extinção do bi-partidarismo, e Brizola um pouco antes rasgando em publico sua ficha do PTB declarando fundado o seu PDT, e Darci Ribeiro, querendo mostrar o Brasil de corpo inteiro na redemocratização, inventou a candidatura de Juruna, um cacique xavante, ninguém reclamou.

O Juruna, gente, que eu conheci na redação do Jornal do Brasil, em Brasília, muito antes de ser famoso, sequer falava português. Foi eleito Deputado Federal no Rio de Janeiro, tendo como cabo eleitoral o antropólogo Darci Ribeiro, e nem teve essa votação estupenda do Tiririca.

Ninguém protestou contra o analfabetismo do Juruna. Até porque alguns doutores do MP carioca conservam, ainda hoje, alguma diferença em relação ao doutor do MP de São Paulo.

Está passando da hora de se acabar com esse inferno que o doutor do MP paulista insiste em perpetrar contra o representante maior do Povo de São Paulo, o palhaço Tiririca, o Deputado Tiririca.

Como está escrito na Constituição da República, Art. 1º. , Parágrafo Único – Todo o Poder emana do Povo que o exerce por meio de representantes eleitos...

Mas aí vem algum outro doutor e diz que analfabeto pode votar, mas não pode ser eleito e que o Tiririca é analfabeto. Não o é. Os testes aos quais os outros doutores da lei o submeteram concluíram que ele seria, quando muito, analfabeto funcional.

Mais da maioria dos eleitores no Brasil, gente, é de analfabeto funcional.


Um comentário:

Anônimo disse...

Meu caro Ministro: mais analfabeta do que a minha falecida avó, ninguém foi e jamais será. Mas ela não era "mala" quanto um determinado doutor letrado. Ela torrava um café em grãos e depois pilava, fervia a água, punha rapadura em naco para ferver e depois acrescentava o pó de café. Ficava uma delícia. Café torrado e pilado em casa. Sorvia-se com beiju da massa da farinha seca. Ela aprendeu a fazer também, um "ó" com uma quenga de coco. Depois, quando descobriu os números, aprendeu também que podia fazer um 8, com duas quengas. Mas, um número que ela nunca aprendeu a fazer foi o 4. Fazia o 6 e depois virava o papel e dizia que tinha feito ao mesmo tempo, o 6 e o 9. Aí ela passou a char que 6 e 9 eram o mesmo número, mas metidos à besta, como um certo doutor do MP. Ela só via diferença entre o 6 e o 9, quando mandava comprar fumo em rolo para provir o cachimbo de barro e canudo de mufumbo ou mamoeiro. Quando o naco de fumo em rolo era menor, ela acreditava que o "mercado" tinha sido mesmo de 6 mil reis. Quando era maior, acreditava que tinha pago 9 mil reis. Até ela entendia isso, mas o doutor do MP não quer entender que o que ele quer, nada tem a ver com o que o povo quis. É um mala!
Minha avó também sabia quantos ovos cabiam para chocar debaixo de uma galinha. Sabia quantos dias para os pintinhos nascerem. Sabia até mais que o galo que, pelo menos teoricamente, seria o pai.
Sabe qual seria o teste que minha falecida avó faria com o doutor do MP? Seria este: 1 - você sabe meu doutor, por que o pato come tudo duro e faz um cocô tão ralo?; você sabe doutor, por que o cavalo e o jumento só comem capim verde e por que o cocô deles cheira tão mal?; 3 - você sabe, meu caro doutor, por que a cabra e o bode comem tudo que podem e o cocô deles é tão pequenininho e redondinho?
Claro, com certeza o doutor do MP diria que não sabe. Aí, minha avó, analfabeta de pai, mãe, avô, avó, bisavó e de tudo, diria:
Meu doutor, se você não entende de "eme" nenhuma, como é que quer entender a escolha que o povo fez pelo Tiririca? Abraços.