domingo, 9 de agosto de 2009

Nada Contra

Consumada, nos primórdios da Republica, a separação entre a Igreja Católica e o Estado, definiu-se que todos teriam direito à religião que bem entendessem, mas que o Estado, gerente do bem comum, não teria preferência por religião alguma.

Daí dizer-se que no Brasil o Estado é laico.

Não obstante, símbolos religiosos do catolicismo, como se destinados à veneração geral, continuam ocupando espaços nos prédios públicos.

No Senado da República, por exemplo, um vistoso crucifixo se sobrepõe a um busto de Ruy Barbosa, um dos pais da Pátria, apostolo do poder da sociedade civil sobre a tirania das ilegalidades. Pura hipocrisia.

Agora, o Ministério Público em vários Estados age para fazer valer o direito constitucional de cada brasileiro professar a religião que bem entender, não podendo o poder publico privilegiar nenhuma afirmação de fé.

Um padre católico, Demetrius dos Santos Silva, na Folha de São Paulo hoje, (Semana do Leitor, página A6), apóia o Ministério Público, assim:

"Sou padre católico e concordo plenamente com o Ministério Publico de São Paulo por querer retirar símbolos religiosos das repartições públicas. Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião. A cruz deve ser retirada.

"Nunca gostei de ver a cruz em tribunais onde os pobres têm menos direito que os ricos e onde sentenças são vendidas e compradas. Não quero ver a cruz nas Câmaras Legislativas onde a corrupção é a moeda mais forte. Não quero a cruz em delegacias, cadeias e quartéis onde os pequenos são torturados. Não quero ver a cruz em prontos-socorros e hospitais onde pessoas morrem sem atendimento.

"É preciso retirar a cruz das repartições publicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causa da desgraça dos pequenos e dos pobres".

Um comentário:

Luiz Roberto Turatti disse...

Crucifixo, intacto, é observado dentro de uma igreja destruída na vila de Castelnuovo, no centro da Itália. Fonte: O ESTADO DE S. PAULO, 06/04/2009 [http://www.estadao.com.br/interatividade/Multimidia/ShowFotos.action?destaque.idGuidSelect=260D010AA7704509B38C120DCC74CB3A].

Nota: Talvez esse “padre católico” em seu comentário logo abaixo tenha se equivocado, pois, quem sabe, pudéssemos ter a alegria de ver tudo isso que ele cita desmoronado (não literalmente e sim moralmente) e apenas o Crucifixo intacto. Será que sem o Crucifixo nas citadas “repartições públicas” as coisas não estariam muito pior? Sejamos responsáveis e votemos com consciência e corretamente, pois, somente assim poderemos aniquilar tanta corrupção, maldade, torturas... É difícil? Acho muito difícil, mas não impossível! Preparemos agora, já, o futuro de nossos filhos, netos, bisnetos, tataranetos... Que o Cristo que Vive e Reina possa nos ajudar.

Ah, se o tal padre (muito folgado para o meu gosto) pudesse sair da sacritia e ao menos fazer a sua parte, muito disso não estaria acontecendo, certamente.

Lembra aquela do pequeno pássaro que voava até o lago, enchia o bico de água e voava de volta até a floresta, que estava sendo consumida por um enorme incêndio? Os outros animais, fugindo do fogo, preocupados apenas em salvar a própria pele, perguntaram:

− Passarinho, você não vê que não conseguirá apagar o fogo sozinho, com esse pouquinho de água que consegue carregar?

Ele respondeu:

− Eu sei que posso não conseguir apagar o fogo, mas tenho certeza de que estou fazendo a minha parte. E vocês?

Se você concorda comigo, repasse aos de sua lista.

Bom dia!

Luiz Roberto Turatti.