quinta-feira, 27 de agosto de 2009

As Pequenas Coisas

Se tu queres encontrar, não te ocupas com as coisas grandes porque nessas os cuidados para que tudo pareça tão certo são tantos que nem mesmo num trabalho redobrado conseguirás pescar algum erro.

As grandes maledicências, antes de serem consumadas, são precedidas de tantas providencias para que nada resulte errado que, ao se tornarem publicas, o máximo da definição a que muitos chegam é que se trata de mais um caso de crime perfeito.

As pessoas podem ate admitir que a ação tenha sido criminosa, transgrediu a lei, ofendeu a moral, conspurcou a ética, desafiou os bons costumes, mas não querem discutir muito não.

Afinal, quando o crime é perfeito demora muito e muito para a elucidação. E quase sempre cai logo no esquecimento, na impunidade.

Isso é o que as pessoas, no geral, acham. Ih o crime foi tão perfeito que não vai dar em nada. Conformam-se.

E também, de um modo geral, a maioria nem entende aqueles mistérios e elucubrações, nem as engenharias mais criativas, as estratégias mais geladas, que batidas num só liquidificador resultaram na gororoba mais desafiante.

Então nem queira saber quanto custa manter, por exemplo, aquela meia - cumbuca, em Brasília, chamada Senado da República.

Aquelas despesas decorrem de uma engenharia tamanha que eles lá, com certeza, terão farturas de argumentos para demonstrarem que não estão fazendo nada de errado.

Eu nunca fiz nada de errado, diz um inocente, o qual, aliás, o é, inocente mesmo, desde quando nasceu. Naquele tempo os hebdomadários nas províncias diziam que era inocente todo recém-nascido.

O lar do casal do fulano foi enriquecido com o nascimento do inocente beltrano. Começavam assim os registros das natividades nos hebdomadários de província. O beltraninho já nascia com esse salvo-conduto de inocente.

Talvez fosse uma referencia a Herodes, o rei que mandou degolar toda criancinha temendo de que uma delas pudesse ser o Messias, esse sim, um cara nascido para ser direito. Inocente aí tinha ver com atipicidade.

Sendo inocente, logo não era o predestinado a salvar o mundo, a libertar a antiga Judéia de todas as oligarquias. Portanto, não poderia ser degolado naquele infanticídio de Herodes.

Voltando ao crime perfeito, o de Herodes foi homicídio continuado, mas não foi o crime perfeito. Ele simplesmente partiu de um pressuposto, o de que no período de tanto a tanto, na visão dos profetas, nasceria o cara que iria subverter toda a ordem vigente em passos largos de avanços para a civilização.

O Herodes de agora mata criancinhas por atacado quando impede os povos de elegerem governantes honestos, quando trava o poder publico privatizando-o para o proveito pessoal dos seus.

O Herodes de agora se entrega única e exclusivamente a tarefa de degolar, matando por asfixia política, todo e qualquer brasileiro que se atreva a proferir uma palavra em favor da liberdade do Povo do Maranhão.

Então eu dizia no começo, se tu queres encontrar, não percas tempo atrás das grandes coisas, das desarrumações mais visíveis. Se tu queres encontrar, te lanças ao exame das pequenas coisas.

Por exemplo, os atos secretos. Alguém poderia imaginar que eles existissem há tantos anos e que sob a capa dos seus mistérios se escondessem tantas ilegalidades e imoralidades financiadas com o dinheiro dos impostos que pagamos?

Ah eu não sei o que é ato secreto, nunca ouvi falar em ato secreto. Aliás, só no tempo do Médici é que se ouviu falar em decreto secreto.

Isso tudo dito na maior sem cerimônia. Não tarda e se descobre que os atos secretos não só existiam como os conhecia e, também, deles havia se aproveitado.

A Neuzinha Brizola fez sucesso na Discoteca do Chacrinha com um rock chamado "Mintiúra". Se bem me lembro, era assim como hoje no Senado, debitando-se a conta ao Maranhão, - mistura de mentira com feiúra.

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