sexta-feira, 12 de junho de 2009

Os Desmandos no Senado

O despreparo da maioria dos homens públicos, sua falta de compromissos com a República, seu desrespeito aos princípios republicanos, seu alheamento às dificuldades do País e às agruras do Povo, o escárnio com que reagem às opiniões divergentes, como se o Brasil estivesse condenado a tornar-se num imenso Maranhão sob uma oligarquia decadente e cruel, isso tudo tem causado a indignação, que contagia o País.

Vamos mudar o Senado por inteiro, de ponta a ponta no Brasil, nas próximas eleições. Isto que está aí, ressalvas às exceções, não corresponde à seriedade de uma representação dos Estados num Senado da República.

O que estamos vendo aí, sob o silencio da minoria ética e responsável, é uma afronta à decência e uma agressão cotidiana aos brios de cada brasileira e de cada brasileiro!

O que você vai ler a seguir é o editorial da edição de hoje do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

"Depois de surpreender o país com a descoberta de que tinha 600 funções comissionadas e cargos com gratificação, dos quais, 181 diretores, o Senado surpreende agora com a revelação de uma inadmissível caixa-preta num órgão que deveria se pautar sempre pela transparência: atos administrativos secretos foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários. Levantamento feito por técnicos do Senado nos últimos 45 dias, a pedido da 1ª Secretaria, detectou cerca de 300 decisões que não foram publicadas, muitas adotadas há mais de 10 anos. As medidas entraram em vigor, gerando gastos desnecessários e suspeitas da existência de funcionários-fantasmas. A mistura de ineficiência e desmando político-administrativo consentida pelos próprios senadores pode ser mensurada pelo aumento dos gastos. De R$ 2,1 bilhões em 2007, o montante subiu para R$ 2,8 bilhões no ano passado. Para este ano, a folha salarial é de R$ 3 bilhões 42,8% de aumento em dois anos. O percentual é explicável também pelo fato de muitos diretores ganharem até R$ 20 mil mensais.

Esses novos dados ampliam algo que a sociedade já considerava abusivo e inadmissível. A revelação de que em administrações sucessivas ocorreram descontroles gerenciais e as funções de comando foram utilizadas para favorecer parentes, amigos ou correligionários ajuda a explicar por que a imagem do Legislativo está tão desgastada e por que são exigidas providências mais efetivas do que as tomadas até agora. O excesso de diretorias, revelação que à época foi considerada das mais escandalosas, era apenas uma das distorções – e não a mais escandalosa. A existência de atos secretos de nomeações e exonerações indica que as próprias administrações do Senado tinham consciência de que havia irregularidades e, pior, que elas precisavam ser mantidas fora do conhecimento da população. O caso mais chocante é o da contratação do neto do senador e ex-presidente José Sarney, nomeado num jogo de toma lá dá cá familiar e político.

O Senado tem obrigação de dar explicações convincentes sobre esses fatos e de adotar medidas capazes de investigar e punir os faltosos do passado e, acima de tudo, de impedir que se repitam."

Um comentário:

João Augusto disse...

Ministro, o mar de lama cresce vertiginosamente, fortalece o senso comum de que "Político é tudo igual", é um entendimento conformista e perigoso para a Democracia, o povo se torna indolente... se tudo é igual porquê de se incomodar? Precisamos urgentemente de contraste, algo que em Figura-fundo distoe e seja algo a admirar, algo para se apegar, algo a se almejar, algo para se atingir... Temos alguns bons nomes para apresentar na renovação do Senado, mas é necessário que o candidato tenha várias qualidades, dentre elas: ter credibilidade, ser honesto, ter experiência nos caminhos do Judiciário e no espírito das leis, ter inteligência e saber fazer uso dela, ter poder de articulação no Governo Federal... Será que alguém se propõe?! Eu pensei em um, resta saber se topará navegar e rios tão bravios.