sábado, 13 de junho de 2009

Olhos Nos Olhos

O olhar sorumbático, totalmente macambúzio, diz tudo. Mas vendo assim quase de longe a impressão que dá é que é um daqueles espécimes extraordinários que conseguem seguir com as ondas, indo e vindo, quase encostar na areia, não encalhar e voltar.

Os meus ouvidos se alongam distraídos no som monofônico do marulhar. O meu caminhar apressado mas sem pressa segura o ritmo dos batimentos, nem a mais nem a menos.

O meu olhar se encomprida e passeia entre o cinza das nuvens e o nada azul do mar, céu e mar quase se encontrando como se fossem se confundir adiante.

O planeta que se chama terra tem mais água do que terra.

Só que do total dessa água, noventa e sete virgula dois por cento é salgada, não dá para beber.

Significa dizer que como a população do mundo cresce e as potencialidades hídricas não crescem, ao contrário se deterioram, não vai demorar muito e vamos ter mais um  grande problema, talvez o mais sério.  

O Brasil, apesar de ter uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, não está fora desse perigo. Desrespeitamos muito a natureza.

Já temos rios mortos e rios muito doentes, rios que estão morrendo. Já temos contaminações terríveis em muitas águas de que somos dependentes.

A poluição ambiental que temos encarado mais em discussões acadêmicas e em enfadonhos discursos eleitoreiros, se amplia enfumaçando o ar. As bocas de esgotos exalam um mau hálito horrível, isso tudo instigando, ainda bem, as indignações coletivas.

O olfato não se acostuma. Beijos não se completam. Amores se frustram. Não há sentimento sem asseio. Não pode haver ternura sem perfume, sem alguma fragrância. Se não há fragrância é preferível o só cheiro da natureza, o seu ar puro.

O caminho já é o da volta, e ele, o folgado, lá no balanço da onda, indo e vindo, como se fosse um surfista. O encanto se quebra se você disparar seu olhar direto nos olhos dele. É um peixe enganoso, que consegue enganar mesmo depois de morto.

Tem gente que nem precisa de ondas do mar para surfar. Tem um faro danado para saber o rumo da maré das coisas e nunca se contrapõe, adere sempre e se nota alguma resistência adula, adula, essa é a sua coerência.

Não sei porque mas me ocorre recitar em silêncio o verso de Drummond. Mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução.

A hipótese me assusta. E me dano agora a recitar a agenda.

Inovações conceituais e melhores práticas para promover a qualidade e a excelência da gestão pública. Estratégias e reforma político-institucional para incrementar a capacidade do governo na democracia republicana.

Formação de lideranças e identificação das capacidades diretivas para o fortalecimento institucional no âmbito do poder público. Emprego público e profissionalização da função pública para a promoção do desenvolvimento.

Os desafios do governo eletrônico para universalizar a cidadania digital. Coordenação de políticas publicas e compensação dos desequilíbrios regionais. E a gestão para resultados de desenvolvimento.

Caminhando assim apressado mas sem pressa, me defendendo da sujeira, a moral instintivamente escapando de garrafas quebradas e de todo tipo de sujeira, despejo no bojo das ondas o meu olhar quase distraído, os ouvidos quase desligados, como se para transformar melhorando isso tudo aqui eu tivesse que fazer de mim um barco e sair por aí, mar a dentro, navegando.

Um comentário:

João Augusto disse...

Ministro, tem um peixe em nossa terra que é desse jeito, mas parece ser um híbrido, um algo transgênico com outro peixe, sabe qual é?! É o Bagre, quando ameaçado o bagre se esconde em meio à lama do fundo do mar, naquele monte de lama ninguém percebe o bagre, mas se o peixe foi bem fisgado, tenta quebrar o anzol, se não consegue ainda passa pelo meio das pedras para ver se a linha se rompe, se ainda assim ele não escapa ele se finca de tal forma que parece um trabalho colossal para puxálo das correntezas... Ô bicho tinhoso! Tem que ser um pescador bem esperto para pegar esse peixe malandro, ainda é um peixe bem esquisito, malicioso que nem o gato preserva tambem os bigodes à semelhança de um felino. Falando em gato, o felino que é malandro por natureza, diz o dito popular que para ser esperto tem que se deitar um olho no gato e o outro no peixe, sabe por quê?! porque o gato é um gatuno! Mas o que tem a ver o peixe bagre com o gato gatuno?!...
Um grande abraço.