quinta-feira, 28 de maio de 2009

Acender As Velas

O que você vai ler a seguir é o texto de Ricardo Noblat, em seu blog, hoje, sob o titulo – Sarney, Assuma Suas Responsabilidades:

"Vem cá. Quando imagino que o deboche dos políticos com o distinto público batera no teto, surge um fato novo capaz de provar que não há teto para o deboche deles.

Quer dizer que senadores, donos de imóveis em Brasília, receberam e continuarão recebendo auxílio moradia de R$ 3,8 mil mensais "por que a lei não diz que não pode" - e a lei "tem que ser igual para todos", segundo o terceiro-secretário da direção do Senado, Mão Santa (PMDB-PI)?

O auxílio-moradia é pago... Para quem não tem moradia em Brasília. Muitos senadores moram em apartamentos do Senado. E sabe-se agora que pelo menos três deles, inquilinos de apartamentos do Senado, também embolsam o auxílio-moradia. Serão de fato os únicos?

Se forem, isso quer dizer que os demais senadores que moram em apartamentos do Senado abriram mão do auxílio-moradia. Portanto, a direção do Senado tinha conhecimento de que três senadores espertos recebiam um auxílio dispensável. E ela jamais fez nada. Porque a lei "tem de ser igual, etc..."

José Sarney (PMDB-AP) é dono de uma confortável casa em Brasília há muitos anos. Mas somente hoje, depois que o jornal Folha de S. Paulo noticiou o assunto, foi que ele se deu conta de que também recebia auxílio-moradia sem necessidade alguma. Pediu desculpas e prometeu reembolsar o Senado.

Ora, se Sarney devolverá o que ele mesmo admite que não deveria ter recebido, como ficarão aqueles que recebem auxílio-moradia e ocupam apartamentos do Senado que nada lhes custam?

(A propósito: quantos dos 513 deputados se encontram na mesma situação?)

Algo como 95% dos brasileiros vivem com uma renda mensal inferior a R$ 3,8 mil.

Um bando alegre de senadores não paga aluguel e ainda ganha R$ 3,8 mil mensais para morar em apartamentos do Senado.

Sarney pensa que ficará bem diante da opinião pública devolvendo a grana que não deveria ter recebido, que jamais notara que recebia.

Em fevereiro passado quando se descobriu que o Senado pagara alguns milhões de reais a título de hora extra trabalhada para mais de 3 mil servidores que haviam folgado durante o recesso de fim de ano, Sarney teve atitude parecida com a de hoje.

Mandou descontar do salário dos funcionários do seu gabinete o que eles haviam recebido indevidamente. Deve ter achado que com isso ficaria bem na foto.

Até teria ficado se ele fosse apenas um senador. Mas Sarney é o presidente do Senado. Sua responsabilidade é maior do que a dos seus pares. Suas atribuições, também. Igualmente seus privilégios.

Se ele julga errado ser dono de imóvel em Brasília e ter direito a auxílio-moradia, proponha acabar com o auxílio-moradia para senador dono de imóvel em Brasília ou ocupante de apartamento funcional.

Se a proposta for rejeitada pela maioria dos seus colegas de direção do Senado, ele poderá submetê-la a voto em plenário. Se mesmo aí ela for derrotada, bem... Aí Sarney ficará bem na foto.

Ficaria até melhor se aproveitasse a ocasião para renunciar à presidência do Senado diante do fracasso do seu empenho em tentar moralizá-lo."

Um comentário:

João Augusto disse...

Sarney jamais irá renunciar, ele não se importa com opinião pública, considera-se acima do povo e das leis, veja o que fez com a equipe do CQC da Band(CENSURA) como bom tirano crê que a institução Senado é ele assim como o estado é representado no Rei/Tirano. O Semanário The Economist publicou que Brasília é a terra onde os dinossauros ainda vagam, onde fica o maranhão nisto? a terra que gera dinossauros ditadores?! é cômico e trágico.