terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Galápagos Política

Trama-se um golpe contra a democracia no Maranhão

por Jackson Lago

Arma-se um golpe no Maranhão. Trama-se, nos bastidores, um golpe contra a democracia. O objetivo é a reintegração de posse de um feudo político, o usucapião vitalício e hereditário do Maranhão. Melhor seria decretar o território maranhense a nossa galápagos política. Lá, fica revogada a alternância de poder.

Proíba-se a imprensa nacional de perscrutar nossa história. Na galápagos só entram os cientistas políticos, curiosos para estudar algumas espécies raras, extintas no território nacional e que ainda vicejam no Maranhão. O velho oligarca, a filha do oligarca, onde mais no país, senão na nossa galápagos, podemos estudar com darwiniana curiosidade tão raros exemplares da evolução política brasileira?

Arma-se um golpe no Maranhão, como se não houvesse juízes em Brasília. Alega-se desequilíbrio na disputa, por conta de convênios legalmente firmados entre o governo do estado e municípios. Imputa-se a mim – candidato sem mandato, sem cargo público, sem tempo no horário eleitoral – imputa-se a mim esse desequilíbrio. Mas na nossa galápagos, não é desequilíbrio que o grupo familiar de uma candidata seja proprietária de 90% de toda a mídia do estado. Não desequilibra o pleito que o fórum da capital tenha o nome do pai, e o Tribunal de Contas do estado ostente o nome da filha. Em nome do pai e da filha e do santo espírito da democracia, nada perturba nossa galápagos.

Nomeiam hospitais, escolas, pontes, centros administrativos, ginásios de esporte, vilas e até municípios. Criou-se até o gentílico sarneyense, para quem nasce no município de Presidente Sarney. Contra a lei, contra a moral, contra tudo.

Constrange-se o próprio presidente da República, que em seis anos de mandato nunca pisou em nossa capital e jamais inaugurou uma obra no Maranhão. Não, isso não desequilibra nenhuma disputa. É assim mesmo na nossa galápagos.

Dediquei 40 anos de lutas enfrentando a mais formidável máquina de desinformação. Fundei um partido, o PDT, no qual estou até hoje. Estive no seu nascedouro, signatário da Carta de Lisboa, juntamente com Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Francisco Julião e Neiva Moreira. Combati o golpe militar em defesa das liberdades democráticas.

Na política estadual, concorri a vários cargos públicos para o Legislativo estadual e federal. Denunciei a situação de miséria do camponês maranhense, sonhei e lutei pela Anistia, disputei várias eleições com derrotas e vitórias. Por três vezes nossa capital me fez o seu prefeito. Saí de todos os mandatos com o patrimônio de médico e funcionário público. Não me fiz sócio de qualquer empreendimento, em busca de vantagens.

Em 1994, disputei o governo estadual e obtive 21% dos votos. Contava, na ocasião, com o apoio de dois dos 217 prefeitos do estado. Em 2002, ainda na oposição ao governo do estado, obtive 42% dos votos para governador. Finalmente, em 2006, com o lema Trabalho, Saúde e Educação para Libertar o Maranhão, obtive 34,36% dos votos no primeiro turno, o que permitiu unir os demais candidatos na Frente de Libertação do Maranhão que finalmente liberou nosso estado sofrido e exausto do domínio oligárquico de mais de 40 anos.

O Maranhão deu seu grito de liberdade! Seguimos o nosso objetivo de criar melhores condições de vida para o nosso povo. Construí em dois anos 160 escolas públicas, afrontando as três escolas que Roseana Sarney fez em sete anos e quatro meses de mandato. Pavimentei mais de dois mil quilômetros de asfalto. Vamos inaugurar em breve o primeiro hospital de emergência/urgência no interior do estado. Nas últimas eleições, o estado confirmou o ocaso oligárquico, elegendo 70% dos prefeitos dos partidos da Frente de Libertação.

Essa votação expressa o natural repúdio do povo maranhense a tantos anos de atraso. No entanto, sou acusado, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de abuso de poder econômico e de mídia. Pasmem, sou acusado, pelo grupo Sarney, de abuso de poder econômico e de mídia!

Fabricam provas, corrompem testemunhas, pregam verdadeiro terrorismo no estado, jactando prestígios, antecipando decisões judiciais. Quousque tandem? Tenho um olho na Justiça, na qual confio, e outro no povo maranhense, fiador do meu destino. Em contrição, soletro os versos gonçalvinos "a vida é combate, que aos fracos abate, aos fortes, aos bravos, só pode exaltar".

Revista Consultor Jurídico, 9 de dezembro de 2008

Sobre o autor

Jackson Lago: é governador do Maranhão.


 

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Dr. Edson Didigal, sou Maranhenese e estou indignada com esse processo de caçassão contra o Governador Jackson Lago, esse grupo que hoje quer a qualquer custo retomar o Poder do Estado, passou 40 anos no poder e a única coisa que conseguiu fazer foi transformar um Estado rico como o nosso, em um dos Estados mais pobre da federação, fome, miséria, analfabetismo era o que se via por aqui. Hoje nos 2 anos de governo de Jackson Lago o que vemos é um Maranhão de cara nova cheio de pespectivas para todos nós, o que os SARNEYS ainda não entenderam que O MARANHÃO É DOS MARANHENSES! O povo passou a enxegar além das fronteira delimitadas por eles, agora o que se espera é mais empregos, menos fome, menos miséria, menos analfebetismo... vivemos num regime Democrático de Direito, O PODER EMANA DO POVO! E O POVO QUER A PERMANENCA DE JACKSON.
demos um grande passo elegendo Dr. Jackson e com certeza não vamos dar se quer um pequeno passo pra trás. FORA SARNEY!