quinta-feira, 10 de julho de 2008

Lembrando Pascal

Estranho costume esse, dizia Pascal, o de se acusar quem denuncia o crime e não quem o pratica.

Pois o francês falou isso faz é tempo, tem séculos.

E ultimamente, quando vemos na televisão figuras enraivecidas porque a Policia Federal cumpriu ordens da Justiça mandando prender alguns figurões, ganha atualidade a indignação de Pascal.

Ninguém quer discutir o mérito da ordem judicial, se as prisões dos graúdos, por exemplo, já não estavam demorando, porquanto há anos se vinha tendo notícias de suas arrogâncias e tripúdios contra a ordem legal, de suas ameaças, chantagens, escutas e filmagens ilegais, fazendo de tudo, tudo, para intimidarem agentes da lei, juizes, jornalistas, aqueles que não se vendem, nem se curvam diante de qualquer ameaça.

Não procuram saber os bilhões em prejuízos que seus oportunismos desvairados causaram ao País, por conseguinte ao Povo em geral. E como nas organizações mafiosas de grande poder de fogo, ainda apregoam vinditas. Quem ousou se meter pela frente, contrariando-lhes nos interesses, um por um, vai pagar, garantem.

Onde estamos? E como indagou uma vez De Gaulle, entregue à luta para resgatar a dignidade roubada pelos nazistas dos franceses humilhados pelo terror fascista – que País é este?

É preciso acabar com esse medo alimentado por essa idéia falsa de que denunciar não resolve,de que reagir e enfrentar a bandidagem de colarinho branco não tem jeito, ou de que a lei no Brasil só existe para os pobres, os que não tem dinheiro para pagar bons advogados.

O Estado de Direito Democrático, que queremos afirmar no Brasil, tem o dever de garantir os direitos de todos, em qualquer instância, foro, juízo ou tribunal.

E quando a Policia Federal cumpre mandados de prisão não está apenas executando uma ordem do Poder Judiciário. Está realizando o primeiro mandamento de uma República Democrática, exatamente o de que todos são iguais perante a lei.

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