terça-feira, 13 de maio de 2008

A Oligarquia e a Frente



Conhecimento e Poder

O livre pensar se exauria em algumas cópias manuscritas, as idéias luminosas ficavam restritas a poucas pessoas.

As notícias do mundo trazidas pelos navegantes esbarravam, obrigatoriamente, nos confessionários e de para os relatórios, restritos a poucas pessoas.

Soberanos dos reinos terrestres e também os dos reinos celestes se juntavam num poder , donos que eram das notícias do mundo sobre as descobertas, as novidades do comércio, os desafios da ciência, as rotas das navegações.

Lutero e Gutenberg

O desafio de Lutero causando a reforma protestante foi possível porque ele, muito antes do Papa Leão X, com quem se desentendeu, captou a revolução que estava a caminho, a partir de Gutenberg, um ourives e lapidador, que acabara de inventar a impressora com tipos móveis.

Até então, era tudo na oratória, na retórica, e quem saísse da linha, quem divergisse do pensamento oficial, fosse o do Monarca, fosse o dos Pontífices, estava condenado antecipadamente à morte, por heresia.

A prensa de Gutenberg permitiu a disseminação das idéias em panfletos, jornais, livros. Tudo ainda de forma rústica, mas possível de correr o mundo, de mão em mão.

Mas enquanto Sua Santidade, o Papa Leão X, expedia ordens para calar Lutero, o qual queria apenas discutir para melhor entender e, entendendo, poder passar adiante a lógica de algumas verdades oficiais, o governo do Vaticano inventava mais dogmas.

Demorou muito até alcançarmos a liberdade religiosa, o que foi possível graças a muita discussão aberta, a muitas lutas e incontáveis vitimas das injustiças decorrentes. Hoje é inalienável o direito de cada um professar a religiosa que entender. Graças a Deus e a Gutenberg com a sua prensa de tipos móveis!

Isso foi bom? Foi ótimo.

Os Podres Poderes

Deixando essas conversas de lado, ate porque Caetano Veloso denunciou, faz tempo, numa canção, os podres poderes resultantes da lendária incompetência da América católica, quem, pessoa comum, sem dinheiro no banco e sem parentes importantes, poderia, há dez anos, se imaginar dono, como agora, de um poderoso instrumento de comunicação como o blog, por exemplo?

Sim, foram séculos e mais séculos de lutas pelo conhecimento até se chegar a isso aqui. A prensa de Gutenberg rompeu o primeiro grilhão.

Mas com o tempo, havendo, é claro, um custo crescente na produção de impressos, livros e jornais, a informação foi se restringindo a novas elites, acessível apenas aos que soubessem ler, e ainda assim tivessem poder aquisitivo. Afinal, comprar um jornal todo dia ou um livro interessante não é, ainda hoje, para qualquer um.

Livros, material escolar, isso tudo passou à linha de produção da prensa, que agora se chama gráfica, empresa com linha de montagem. Veio a composição a quente das linotipos, depois a composição a frio dos computadores, o custo do papel foi aumentando em razão do alto preço da celulose.

Os Novos Manipuladores

Assim, a informação, o conhecimento, aos poucos, se saíram do monopólio dos soberanos de todos os reinos, passaram a ser novamente instrumentos de manipulação, agora do poder político e do poder econômico.

Mais invenções, dentre outras, o rádio e a televisão vieram acenando chances de se arrebatar dos monopólios o controle da informação para que, assim, não havendo mais controle pudessem todos ter o direito de acesso às fontes do conhecimento.

Aconteceu que essas novas invenções caíram presas do poder político e do poder econômico e quem é hoje, emconsciência, que leva a sério uma verdade dita pela televisão, pelo rádio, pelos jornais? Tudo manipulação.

Jornal, revista, rádio, televisão? A grande maioria no Brasil não serve à verdade, portanto conspira contra a democracia. Algumas dessas redes de comunicação tem os seus amestrados bem pagos para que estejam sempre prontos a latirem contra quem o dono mandar.

Uma Nova Revolução

Agora, percebendo a força da internet, bicho indomável solto no mundo, que ninguém segura, eles, os coronéis da mídia impressa e eletrônica, se voltam em grandes investimentos na blogsfera.

Nada demais. Eles podem manter os seus blogues para manipularem e mentirem à vontade. Mas nós, o Povo, podemos hoje também ter os nossos bloques, sem pagar nada e sem ter que ficar devendo nada a ninguém.

O que eles vão querer fazer para barrar essa nova revolução da informação e do conhecimento?

Antes da internet, negavam escolas à maioria e, assim, produzindo analfabetos, aumentaram e ainda ampliam os seus domínios sobre a ignorância generalizada, fertilizante e semente da pobreza política.

Com a multiplicação das lan-houses pelos lugares mais distantes, e a médio prazo, com a massificação dos computadores que estarão em todas as casas e escolas, e ainda com a chegada da banda larga gratuita em todas as cidades e praças, o que não vai demorar, como chegaram o rádio, o fogão a gás, a geladeira e o televisor, logo logo com a informação fora de controles, vamos começar a ser verdadeiros cidadãos, construindo uma verdadeira democracia!

Na Blogsfera, Ninguém é de Ninguém

Quando eu era menino, editei no Grupo Escolar Gonçalves Dias um jornal de quatro páginas, manuscrito, semanal, em três exemplares, reproduzidos a papel carbono. O que eu queria dizer através d’ “O Tribuno” chegava no máximo a dez pessoas.

Anos depois, Vereador das Oposições Coligadas, criei o “Edição Extra”, este como os panfletos de Lutero, feito de papel e tinta de impressora, polemico, instigante, menos de duzentos exemplares, pagos do meu bolso. A coleção encadernada está no acervo do historiador Benedito Buzar, em São Luis, MA.

O “Edição Extra” andou ressuscitando mais tarde nas oficinas do “Jornal do Povo”, de Neiva Moreira, em São Luis do Maranhão, mas não se sustentou, não foi além de duas ou três edições. Ninguém queria anunciar no jornal do Vidigal, ambos não eram, e ele continua não sendo, confiável ao establishment.

A última tentativa com o “Edição Extra” foi dos meus filhos, Everardo e Edson Filho, que o editaram por quase um ano, em Caxias. Saiu de circulação por inanição financeira.

Livre no Altar da Pátria

Agora, com este blog, volto ao sonho da infância, à teimosia da adolescência, ao desafio dos filhos.

Das voltas que dei pelo mundo penso ter aprendido alguma coisa que a província aqui, ainda alheia ao mundo fora porque é refém de muitos medos, não conhece, e por isso não ensina. Aprendi, por exemplo, que o mal triunfa quando os bons se omitem.

muitos anos, muito antes de envergar a beca de Advogado ou de vestir a toga de Magistrado, esse tem sido o meu credo.

Livre agora, graças a Deus, das amarras que as funções de Magistrado me impunham, voltando aos começos do que gostei de ter sido, jornalista, advogado, ativista político, eis- me aqui, como diria o doutor Tancredo, diante do altar da Pátria não em paga de penitências, e não as quero, nenhuma, para ninguém, mas em reiteração dos compromissos de trabalho para a construção, entre nós, de um verdadeiro Estado de Direito Democrático e de defesa das garantias constitucionais ainda sonegadas à nossa boa gente na nossa terra!

Trabalho de Voluntários

Muitas vezes quando a crueldade de uns, a inveja de outros, espargem ofensas para que nós, Eurídice e eu, desanimemos das empreitadas, do que viemos fazer e haveremos de continuar fazendo, e muito bem, eu lembro a ela o exemplo dos voluntários que estão nos lugares, igualmente pobres, da África, da Ásia, da America Central, da America Latina.

Por esses lugares todos nós andamos, a trabalho, nestes 20 anos em que estamos casados. Andamos também por lugares prósperos, desenvolvidos, cidades da Europa, da Austrália, dos Estados Unidos.

As Lições do Mundo

Da experiência de cada lugar, rico ou pobre, alguns até bem pobres mas decentemente democráticos, como no interior do México, por exemplo, onde nemmais o dedaço, - aquela coisa do governante em retirada impor aos eleitores o nome do sucessor, - de cada lugar saímos com uma lição inesquecível.

E ter visto o mundo fora, e conhecendo bem o nosso mundo aqui dentro, a bondade do nosso Povo, as potencialidades desta terra para um desenvolvimento sustentável, nos sentimos a cada dia mais devedores desta gente largada e esquecida neste rincão do planeta.

Aqui, minha mulher e eu, somos voluntários. Estamos, cada um no que nos é possível, contribuindo para melhorar o mundo em que estamos, em favor da humanidade local.

Nessa jornada, não podemos perder tempo com o que não interesse à meta, ao propósito maior, à missão que nos trouxe e que nos move a cada hora de todo dia.

Mantenham a ! O mal triunfa quando os bons se omitem. É a omissão que gera a impunidade.

E é a impunidade que gerando a desigualdade faz crescer essa idéia de que nãoconserto para isso aqui. Há conserto, sim. É a gente querer.

Vamos trabalhar juntos?

Grato pela leitura.

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá meu caro Edson Vidigal, um dos responsáveis pela liberdade do nosso Maranhão!

Estou muito feliz em descobrir que o Senhor possui um blog, assim como eu que luto contra as artimanhas dos meios de comunicação que vendem até a alma para puxar sacos dos governantes interioranos, aqui em Viana, está no mais alto grau, praticamente 99% da mídia escrita e televisionada estão no cabresto do executivo municipal.

Onde mostrar a verdade? Ha não ser, obrigando a ver a tal "verdade" do "município aos olhos do prefeito".
Infelizmente ainda temos que lidar com esses falsificadores da Imprensa Livre e Democrática".

Um forte abraço, a luta continua!

Professor Alexandre
Viana - Maranhão

Acesse e link o meu blog, irei linkar o seu!

Ricardo Santos disse...

Ricardo Santos:


Caro Edson Vidigal, seus escritos chegaram em boa hora para contribuir com o pensamento de liberdade. Fora dela, ficam os escrotos que poluem a liberdade de imprensa e minam o campo da política, que por ser arte, precisa urgente de mentes brilhates para conduzi-la.
Um abraço, e sucesso.

Jornal Pessoal Eri Castro disse...

Caro Coração valente Edson Vidigal,vai postagem do nosso blogue:
erisantoscastro.blogspot.com


O vírus que infeccionou o senador Sarney

Talvez tudo comerçou em 1548, quando Portugal dividiu o Brasil em capitanias hereditárias.
Na capitania o donatário era o público e o privado. O senador José Sarney deve ter sido infectado com esse vírus, ainda não devidamente controlado pelas vacinas da ética e cidadania. Por isso que o Maranhão é confundido com Galápagos, onde sobrevivem os últimos 'dinossauros' da política contemporánia. O governo do Maranhão, nessa lógica PERTENCE à sua família, ou melhor, a sua filha o receberá de presente. Por isso que o seu partido deliberadamente, o PMDB, confunde os limites entre o público e o privado. Basta ver a participação desse partido no governo federal e mais recente a tentativa de tomar o fundo de pensão de Furnas.
Abraaços, Eri Castro.